Peguei de volta as minhas alvoradas
e a paz de antes de ti
retornei de coração vazio das auroras boreais do teu olhar
recolhi as minhas frágeis asas de cristal
destroçadas pelos raios dos círculos de aço da tua íris
insensível e perversamente fita no nada
arranquei da minha intimidade as marcas impuras das tuas garras profanas
e dos teus dentes obscenos
que dilaceravam minha alma
escondidos sob a seda dos meus lençóis
já não sugarão a polpa doce
os teus lábios mentirosos em rictus de morte
rasguei todos os versos a duas e a quatro mãos
também soltei ao sabor das tempestades
as amarras dos barcos
entremeados da solenidade dos musgos
naquele cais imaginário
que se roçavam sensuais ao sabor das vagas de brisas imprecisas
rasguei as rendas tecidas pelo sol sob a sombra do teu cílio
libertei a mariposa do círculo de luz que limitava o vôo
e prendi os meus cabelos esvoaçantes sob o efeito de um vento de lugar nenhum
que escorriam inocentes por entre os dedos da tua mão
sob o teto do gazebo imaginário
sinto-me
afinal
vazia de ti
e livre
e pura
e plena
e pronta outra vez
porque percebo mais horizontes para a minha sede
do que dores na minha alma.
Este espaço foi criado para me aproximar das pessoas que têm interesse pela poética, como um mundo de possibilidades a ser conhecido, inclusive, relacionando-o com as chamadas "exatas", que, veremos, não são tão exatas assim. Contém o meu pensar sobre cultura, ciência e sua relação com o mundo, e a chance de um olhar mais amplo sobre ele e suas questões. Está aberto aos comentários, às opiniões divergentes, às discussões e a tudo que nos permita essa amplitude.
domingo, novembro 20, 2011
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