quarta-feira, agosto 29, 2018

Histórias para Arthur. Literatura Infanto juvenil (Guacira Maciel)


                                       
                   Raízes da Cultura Brasileira para crianças;
             contando a verdadeira história. (Trilogia).
     
  

    Livro I -     Índios; os donos da terra

    Livro II -    Navegadores portugueses; esses seres
                        estranhos

   Livro III -   Africanos; escravizados na nova terra




  Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano; com sugestão de trabalho para a sala de aula



                                            

 Buscando uma Editora para publicar este trabalho.
                                                




                                                              Apresentação
   


Ao nascer o meu primeiro neto, não me saiu da cabeça que ele não poderia crescer sem saber a verdadeira História do seu povo, e comecei a pensar numa forma de fazer isso,  para que ele já cresça sabendo a verdade, mesmo que na escola, por algum tempo, ela ainda vá ser contada de forma fantasiosa...
Mas como fazer isso? Pensei...
Não queria que ele a entendesse como história do meu imaginário de avó, que  conta histórias inventadas na hora de fazê-lo dormir; por esta razão, resolvi publicá-la para que outras pessoas: avós, mães, e, finalmente, os professores, as escolas e a sociedade pensem no assunto, analisem essa possibilidade e tomem atitudes que possam ampliar a ideia a instâncias mais amplas... Sei não ser uma decisão fácil, como não tenho a ilusão de que será uma longa caminhada de reconstrução, uma vez que a atual versão foi elaborada do ponto de vista do “vencedor”, e se arrasta por séculos...
A partir dessas conclusões, comecei a aprofundar meus questionamentos: quanta verdade estaria contida nos conhecimentos que constituem a História que nos contam? Em minhas reflexões cheguei a concordar com alguns historiadores sobre se o nosso país é híbrido ou profundamente ambíguo... O que, realmente, constitui a nossa identidade como povo, se o que consideramos nossos símbolos, não são apresentados em sua versão verdadeira, ainda que não genuinamente nossos?
A disseminação, insistente, de uma história distorcida por interpretações errôneas e tendenciosas, contada do ponto de vista do ‘vencedor’, como sempre ocorre, trouxe como legado a construção de uma memória com raízes flutuantes, fato reconhecido por todos, embora falte coragem para promover a mudança. Quem somos nós, povo brasileiro? Qual a nossa verdadeira História? O que na nossa cultura, é mito, lenda, distorção ou fruto de interpretação, muitas vezes preconceituosa, já que, invariavelmente, a versão se sobrepõe ao fato histórico, com a finalidade de atender interesses dúbios?
Bem, decidi contar a Arthur o que ainda está coberto por um véu de imaginário, mas que, se for encarado com sensibilidade e honestidade, será desvendado...
Os textos são leves, curtos e pouco densos e a linguagem bastante adequada e compreensível, para que esses conhecimentos se acomodem de forma natural e firme nas cabecinhas infantis, mas a intenção é mais profunda... É ajudar a desconstruir distorções que considero graves, porque se tornaram alicerce para uma grande fábula...



                                                    Justificativa

            O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu Artigo 58, refere: “no processo de educação respeitar-se-ão os valores culturais artísticos e históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente, garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às [verdadeiras] fontes de cultura”.

              Tomando essas orientações como premissa, entendo ser uma atitude de respeito e reconhecimento dos direitos dos cidadãos, alvo desse importante documento, garantir que passem a conhecer gradativamente os verdadeiros fatos históricos e as culturas   formativas da “Cultura Brasileira”, em uma versão, inicialmente, mais amena, para que alicerces firmes vão sendo constituídos.
No papel de educadora, me pergunto: por que continuamos a divulgar entre nossas crianças e jovens uma História falsa, tendenciosa, mitológica e recheada de monstros sagrados inventados? A História que é contada nos livros didáticos é da carochinha, porque se fundamenta em personagens fictícios, embora referendada e perpetuada, por atender a interesses de pessoas, de grupos, de Instituições e até de países. Urge dessacralizar essa construção contando a verdadeira História, ainda que híbrida. Não podemos continuar a falar com eles sobre responsabilidade, honestidade, sobre formar cidadãos críticos, se reafirmamos cotidianamente essa falta de clareza nas escolas. Precisamos reconstruir nossa identidade, baseada na verdade, e fincar nossas raízes em solo firme, para que elas possam se aprofundar, se fortalecer e ramificar, levando esse povo a ter orgulho do que realmente é. Partindo dessa compreensão e entendendo a necessidade de reunir coragem para isso, falarei sobre alguns mitos criados por interesses historicamente aceitos; nesse caso, não procede o fato de que, por ser aceita por um povo através dos séculos, uma história inverídica termine por se tornar uma verdade.
 Com a compreensão de educadora que trabalha com cultura e com a nossa identidade como povo, entendo, em primeiro lugar, ser fundamental a criação de um novo calendário, baseado na nossa verdadeira História, em fatos verdadeiros. Mas para que isso seja possível precisamos contá-la.
Até quando as escolas ensinarão às nossas crianças fatos históricos diferentes daqueles que realmente ocorreram? Esses são brasileiros que continuarão sendo enganados até que cheguem a uma idade em que começarão a se fazer perguntas e a fazerem as próprias descobertas. É como negar a um filho a sua verdadeira paternidade e anos mais tarde ele venha a descobrir que tudo o que construiu e pensava fazer parte da sua identidade era uma mentira. Entender, desmistificar e conviver com essa fantasia, fatalmente, irá gerar muitas dúvidas, muitas dificuldades, medos  e, até, vergonha do seu pertencimento étnico.  Há poucos dias, em uma das minhas incursões pelos distritos de Senhor do Bonfim – Bahia – numa escola de Missão do Sahaí - comunidade remanescente de índios – conheci, apresentado por uma professora, um adolescente que tem vergonha, e nega, ser índio, porque segundo ele, os outros jovens fazem gozação, chamam, a ele e a outros jovens da mesma origem, de selvagem, burro, etc.
Também é injusto que tantas pessoas dediquem suas vidas a estudos, com objetivo de buscar, descobrir e evidenciar essa identidade, essa gênese histórica - muitas vezes desafiando o poder dominante, ora na ficção, através de personagens, ora em incansáveis estudos e pesquisas sobre fatos não revelados, mostrando os “heróis de nossa gente”, em que buscam desconstruir fatos, e personagens reconhecidamente verídicos, dando a conhecer os pequenos heróis que subjazem no limbo da historiografia brasileira, desenvolvendo uma espécie de “anti história” o que, de certa forma, vem desterritorializando as estruturas político sociais, que têm interesse em continuar contando a história do ponto de vista do ‘vencedor’ - e a essas pessoas seja negado o direito de conhecer os resultados de tão árduo e incansável trabalho. O que ficará suavemente evidente aqui, através de uma linguagem delicada e apropriada acerca dos donos da terra, da “colonização” e da escravização de pessoas, é a minha intenção de começar a mostrar a versão que não é contada nos livros didáticos, nem na Literatura,  ou seja, a compreensão de que a História é contada de forma tendenciosa, resultando em uma História imaginada e estabelecida por aqueles que se consideram “elites étnicas e sociais”, reforçando o que há muito se vem denunciando. Sabemos que as fronteiras dessa História estão povoadas de versões das minorias invisíveis, das assombrações, dos fantasmas que amedrontam, não significando, porém, que não existam, mas que, forçosamente, têm construída a sua morada num “entre lugar”, como os,  verdadeiramente, sem teto, sem terra, sem camisa (padrão) do time, lugar onde precisa se alojar a “intervenção crítica”.
Nesse caso, a “heterogeneidade não se homogeneíza” na unidade da história que já foi contada; ao contrário, é uma voz que se levanta e resiste como uma realidade contraditória, embora subjacente, indelével; similares a operadores booleanos, esses fantasmas definem seus caminhos e estratégias de busca, com um software específico. A História desse país se oferece como um rico hipertexto, em que nós, os sujeitos do conhecimento, precisamos nos recusar a seguir em frente ignorando aquilo que não foi contado ou o foi de forma distorcida, para descortinar um rico percurso que subjaz nas entrelinhas, nas fronteiras, no limbo...
É preciso rever essa História e desalojar esse estado de epifania que ela assegura aos que a vêm contando até hoje. Ela é uma ficção gestada nos descaminhos da História real, porque comprovações documentais vêm sendo encontradas e contam a outra versão; elas são avaliadas por estudiosos e não podem ser desconsideradas. Fundamentada no pensamento de Boudelaire, também uma verdade absoluta e eterna inexiste, ou melhor, é ficção que se torna pobre diante do fato de não se considerar outras possibilidades, outras dimensões, até porque, a escrita da História oficial está fundamentada em mecanismos ideológicos. É importante, fundamental mesmo, que esse foco sacralizado seja deslocado, desterritorializado, estabelecendo-se, no mínimo, um processo dialógico com as outras percepções, em busca da História verdadeira.
Em “Meu querido canibal”, de Antonio Torres, há o impressionante episódio que, presume-se ter durado de 1554 a 1567, a “Confederação dos Tamoios”, que para o historiador Edmundo Moniz, foi um dos mais importantes capítulos da nossa História e considerada como a primeira reação [organizada] dos nativos, donos da terra, que desestabilizou a confiança dos “colonizadores”, que, entretanto, “não estavam iludidos quanto ao potencial de investida dos Índios sobre o território de São Paulo e Santos, uma vez eram donos de grandes extensões, como parte dos territórios do Rio de Janeiro e São Vicente”. Porém, uma traição ao tratado de paz entre os Tamoios e os Jesuítas levou os “colonizadores” à vitória. A falsa trégua foi, na verdade, um ardil utilizado para ganhar tempo, enquanto esses estrangeiros recebiam reforços e atacavam os desavisados e confiantes nativos. E assim, entre milhares de outros exemplos, foram forjados os heróis da História do Brasil.
       

                           Objetivo Geral


 Dar um pequeno passo no longo e árduo caminho da verdade, para começar a contar às nossas crianças a sua verdadeira História, a História do Brasil                         


                      
                           Objetivos Específicos


  • Contar às crianças uma bonita e verdadeira história: a História do Brasil.
  • Usar o recurso das lendas para ajudá-las a estabelecer diferenças e limites entre verdade e fantasia.
  • Levar ao seu conhecimento como ocorreu, de fato, a formação do povo e da cultura do Brasil.
  • Falar especialmente sobre os primeiros habitantes e donos das terras.
  • Desconstruir o mito da “colonização”,  evidenciando os aspectos da dominação.
  • Refletir sobre a diferença entre índios  “preguiçosos e indolentes” e diferenças culturais.
  •  Refletir sobre a diferença entre “negros escravos” e “negros escravizados”
  • Evidenciar a importância da cultura européia na formação da cultura brasileira e
           as relações que se criaram entre as três culturas formadoras da mesma
  • Mostrar a beleza, inclusive nas artes, das nossas raízes culturais.
  • Abrir espaços ao professor e estimular o trabalho interdisciplinar.
  • Estimular o imaginário das crianças
  • Ajudar na formação de leitores.


 A leitura no processo de ampliação cognitiva


Para a Neurociência, “Cognição refere-se a um conjunto de habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções.”
A Literatura infanto juvenil tem ação importante como coadjuvante no processo de
reconhecimento, aceitação e fortalecimento das identidades, que deve ser iniciado nessa importante fase da vida, porque o faz de forma lúdica, já que a fragilidade infantil é fortemente agredida pelos preconceitos, e a Literatura trabalha suave e sutilmente essas dores guardadas, encaminhando para a construção da auto estima positiva e, quem sabe, da cura. Os preconceitos precisam sair do limbo onde são gestados e sobrevivem, incomodando, de forma silenciosa e subjacente, para que sejam reconhecidos e tratados com os devidos cuidados.
A Literatura, como arte, faz esse papel de conciliação entre os dois universos, porque evidencia as questões mais íntimas, guardadas como forma de proteção. Nessa perspectiva, ela também enriquece, amplia e aprofunda o processo cognitivo infantojuvenil, porque estimula a criatividade que é um processo tão subjetivo quanto a própria cognição