tag:blogger.com,1999:blog-334226872024-03-13T12:19:29.390-07:00gpoeticaEste espaço foi criado para me aproximar das pessoas que têm interesse pela poética, como um mundo de possibilidades a ser conhecido, inclusive, relacionando-o com as chamadas "exatas", que, veremos, não são tão exatas assim. Contém o meu pensar sobre cultura, ciência e sua relação com o mundo, e a chance de um olhar mais amplo sobre ele e suas questões. Está aberto aos comentários, às opiniões divergentes, às discussões e a tudo que nos permita essa amplitude.Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.comBlogger228125tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-54935759657088155902023-05-26T08:03:00.009-07:002023-05-26T10:27:02.218-07:00Bem...<p><span style="font-size: medium;"> Bom dia. Hoje são 26 de maio de 2023, ou seja, falei que estava voltando e a viagem de volta foi demorada...desculpem...foi falta de ânimo, de estímulo para escrever e postar.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Eu amo escrever, mas os últimos acontecimentos vividos por todos nós, promoveram mudanças muito marcantes, deixando marcas muito profundas, talvez não em todos, mas em mim, sim. Inclusive, o fato de ter investido anos de vida e energia para escrever meu romance, <b>Cruz do meu rosário; um amor na Chapada</b>, e não ter podido lançar, em consequência da "Pandemia. Esse fato, foi avassalador para mim.</span></p><p><span style="font-size: medium;">Sendo assim, ainda não me recuperei, ainda não consegui fazer Literatura, a minha capacidade de criar, de subjetivar, de falar do meu íntimo, percepções, e coisas assim, parece ter sido muito mais abalada do que eu supunha. Até meu romance, ficou guardado, parecendo ter perdido o sentido...</span></p><p><span style="font-size: medium;">Entretanto, me dediquei a estudar e participar mais ativamente dos trabalhos voluntários no Centro Espírita Kardecista que frequento, e até, criei um Podcast, o "Sai da casca. Emerge...</span></p><p><span style="font-size: medium;">veiculado pelo /anchor e pelo google podcast disponível no Spotify for Podcast e pelo Google Podcast Quem tem gmail, pode acessar com facilidade o google Podcast</span></p><p><span style="font-size: medium;">Lá, nesse espaço, proponho reflexões e análises sobre questão da Doutrina Epírita.</span></p><p><span style="font-size: medium;">pediria a todos que o escutassem, pois minha intenção é aprendizado e divulgação de questões fundamentais da nossa vida espiritual. agradeço e peço que compartilhem.</span></p><p><span style="font-size: medium;">fiquem com Deus, obrigada.</span></p><p><span style="font-size: medium;">O acesso ao Podcast esta ao lado.</span></p><p><span style="font-size: medium;"><br /></span></p>Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-32322501881551850652021-05-25T08:43:00.002-07:002021-05-25T08:53:22.761-07:00Voltando.....<p> Bom dia.</p><p>Passou 2020, passando 2021; grata pela vida, sem queixas, e por todo o aprendizado, e oportunidades, até agora, entendendo que muito ainda há que ser aprendido; muitas lições... e, revendo um capítulo do meu romance, que não pude lançar, como estava previsto, " O que subjaz", após mais de um ano, volto a me perguntar: o que subjaz, quais seriam essas lições para cada um de nós em particular, e para toda a humanidade... </p><p>Da mesma forma, ou mais profundamente, que não tenho controle de tudo quando escrevo um texto, muito menos terei sobre o curso que a vida vem seguindo, dos acontecimentos e desdobramentos que advirão dessa avalanche de lições que nos vem atingindo, em seus diversos caminhos. Só sei que terei que estar muito atenta... Essas reflexões me lembraram versos de um poema de José Régio, poeta português, "Cântico Negro: "... quando me dizem vem por aqui, eu olho-os com lassos, (há, nos meus olhos, ironias e cansaços) e cruzo os braços, e nunca vou por ali... Será assim? o que acham?</p><p>Entretanto, é preciso continuar tendo projetos, embora de curto prazo, porque as lições precisam ser entendidas e aprendidas; é preciso nos modificar e modificar nossa forma de enxergar à nossa volta, e viver... a vida continua seu curso. Por isso, vou voltar a escrever e postar aqui, mesmo entendendo que muitos de nós tenhamos, quase, perdido o interesse por muitas coisas que nos motivavam antes. Foram muitas perdas, eu sei, mas o Criador só permite que aconteça o que nos fará bem no futuro; um dia, quando as dores forem mais amenas, Seus propósitos serão entendidos; tenhamos fé, e não percamos a esperança, e, acima de tudo, a CONFIANÇA.</p><p>Obrigada.</p><p>Se tiverem vontade, comentem, esse espaço não e só de leitura, mas, também, de discussão.</p>Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-58071274238419685662020-04-22T13:14:00.002-07:002020-04-22T13:14:55.303-07:00Sobre o lançamento do meu romance....Infelizmente, em vista da pandemia que nos obrigou ao isolamento social, não houve o tão esperado evento. Espero que logo, logo, tudo volte ao normal.Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-22716170102164189672020-02-13T08:33:00.001-08:002020-02-13T08:36:07.802-08:00<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpCFAT9MM_oOhs8MFAXMORldZQbqtcn7LC9mOQy84u9sjbkdUTJOmxvhOKvIef-NVTa8atHRy5UuFIAeo-q7ZATBMg3_1dSMSaY-fm_dN-ng-Ta92xDaWTFaf5GXszxDHaDIwfhA/s1600/malling---%2527Cruz-ros%25C3%25A1rio%2527-mod1+%25283%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="488" data-original-width="800" height="195" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgpCFAT9MM_oOhs8MFAXMORldZQbqtcn7LC9mOQy84u9sjbkdUTJOmxvhOKvIef-NVTa8atHRy5UuFIAeo-q7ZATBMg3_1dSMSaY-fm_dN-ng-Ta92xDaWTFaf5GXszxDHaDIwfhA/s320/malling---%2527Cruz-ros%25C3%25A1rio%2527-mod1+%25283%2529.jpg" width="320" /></a></div>
<br />
<br />
<br />
Meu romance, publicado pela Editora Kiron. Baseado em uma história de amor real, ambientada na Chapada Diamantina, na década de 30. Trata-se da vida de uma filha de burgueses do Recôncavo baiano, que foge para casar com o filho de um coronel do garimpo.Esse amor proibido os levou à fuga para aquela região inóspita, onde a protagonista sofreu muito por causa das diferenças culturais, a barbárie da lavra do diamante, além dos sofrimentos aos quais seu sogro a fazia passar...<br />
<br />
Pode ser adquirido em: www.editorakiron e na www.amazon.com.br ou na minha mão (fazer contato).Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-71669365305185227482019-04-17T08:34:00.002-07:002019-12-16T05:58:47.513-08:00Fantasmas...(Guacira Maciel).<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Fragmento. Em homenagem a meu pai e à terra que ele amava)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"> </b>Estou escrevendo sobre uma saga de família, da Chapada Diamantina; o fragmento a seguir retrata bem a realidade vivida naquele período...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Hoje, aquela parece uma terra sem filhos; terra cujos seios foram sugados até sangrar; cujo ventre teve suas vísceras expostas, reviradas e devoradas por batalhões de formigas gigantes, predadoras, silenciosas, vorazes, que lhe sugaram os mais íntimos sucos, deixando-a calcinada, exangue, murcha, exaurida e caída sobre as próprias dobras de pele ressequida, onde se formaram enormes buracos que expunham como fantasmas esfarrapados, as entranhas de uma terra sem orgulho, sem pudor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os dedos sangrentos pelas marretadas cujas articulações mais pareciam antigas dobradiças, já invisíveis por causa do inchaço, faziam lembrar garras; dentes podres em bocas de hálito fétido, somado ao oco de estômagos completamente vazios a dias, famintos, donde só se ouviam os ecos dos gases que os empanzinavam e iludiam. Olhos cuja menina se transformara em raios febris, ardentes, que se perdiam nas noites orbitais, fundas; olhos sem brilho, vítreos, vermelhos por causa da graça do sono que não lhes fora concedida, assentados sobre caras mascaradas pelo pó que esculpia novos seres, e tão permanente nas escavações, que não poupava nem o terceiro olho que, por vezes, se lhes acrescentavam, fazendo lembrar os terríveis ciclopes. Eram restos de unhas ocres, purulentas, que rasgavam a nu a terra, ferindo e infectando sua mucosa antiga, brilhante e acetinada, buscando usufruir de um cio que não lhes era devido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E os corações? deles, o grito ensaiado para a hora esperada, e temida, que sequer lhes chegava à garganta, por ausência da saliva lubrificante; apenas um choro seco vertido sobre corpos desidratados, quase mumificados, que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se arrastavam com seus dorsos alquebrados sobre a desistência da terra e seu silêncio dolorido. O mais inacreditável é que, ao fim do dia, do qual já nem lembravam a luz, o brilho, a cor, pareciam não ter sido afetados. Não se queixavam, não desanimavam de alcançar o objetivo primeiro; geralmente, só a morte os arrancava dali; não desistiam do seu sonho; mas de si, via-se que sim! porém, pareciam já anestesiados, não exibiam a dor que lhes oprimia o peito, fazendo abater a alma...<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="font-family: "times new roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-weight: 400; letter-spacing: normal; line-height: 24px; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
Na Chapada, o final do século XIX trouxe o novo regime político ( República ), e mudanças profundas, e o medo deu origem ao “coronelismo”. O governo, como alternativa de convivência com o sertanejo, começou a vender patentes - de até coronel - da Guarda Nacional, nomeando-os para ocuparem cargos na administração federal, o que fomentou uma guerra entre os coronéis de Minas Gerais e da Bahia. O lado vencedor, liderado pelo coronel Horácio de Matos, da Bahia, foi considerado o grande líder na região, porque os mineiros serranos representavam grande população nos garimpos da Chapada do lado de lá, apesar de saírem daqui da Bahia as toneladas de ouro e diamantes para a Europa e todo o mundo, ainda que as Minas Gerais fossem também uma região de subsolo muito rico e de lavra...</div>
</div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-53024691780453145762019-04-17T07:55:00.001-07:002019-04-17T07:58:08.257-07:00Antonio luso. Guacira Maciel<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<br /></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Hoje tive saudades</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e vontade de lá chegar por acaso</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e te encontrar</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">em frente ao cavalete</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">silencioso e absorto em teu parnaso</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e te ler poemas…</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">um enigma que não tento desvendar</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">habitante encantado</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">do meu imaginário</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">te reconheço mas não sei quem és.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Suscitas em mim o indizível</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e te prefiro assim assim te sinto</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">o mais puro ébano do Olimpo.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">Ao ouvir meus passos</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">o humano te arrebata</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">então entre risonho e surpreso</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">fala mansa…</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;"> te levantas</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">e o tempo se sobrepõe ao eterno...</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">não quero tocar</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">o que não pode ser tocado </span><br />
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">te quero assim</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">assim te quero</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">te quero longe</span><br />
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">te quero luso</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.2; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "times new roman"; font-size: 12pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre;">te quero deus...</span></div>
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-73130309835206722692019-04-10T06:42:00.000-07:002019-04-10T06:44:12.912-07:00Prólogo...Guacira Maciel<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<b><span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 24.0pt;">O</span></b><span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;"> ensino e a aprendizagem surgiram nas diversas sociedades como uma
consequência natural da necessidade de sobrevivência das espécies, pela
transmissão do conhecimento construído. Assim, o currículo surge como
necessário à organização desse conhecimento a ser repassado e como reflexo da
função social da escola, uma vez que nele estão fortemente presentes as
relações de controle social, relações de poder e reprodução de valores que
influirão na constituição dos sujeitos e suas identidades. Ele é o elemento
dinâmico da proposta pedagógica, devendo ser entendido como espaço de conflitos
que estruturam a vida da escola e como tal, um currículo precisa ser
democrático, acolhendo as relações e abrindo-se à produção de significados
próprios da comunidade onde ela está inserida, de forma a recriar uma proposta
pedagógica dinâmica, cuja linguagem inclua o olhar divergente, para produzir
resultados satisfatórios, já que deve estar ligado à como se estabelecem as
relações de ensino e de aprendizagem dentro dessas realidades.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Dessa forma, a proposta curricular não pode ter um modelo imposto, uma
vez que é um elemento vivo e, portanto, provisório quanto à sua temporalidade,
passível de ser revista e mudada, de forma a que possa incorporar novos
saberes, novas experiências e uma compreensão ampla e contextualizada de mundo
e das culturas que ampliam e fortalecem as identidades. Importante estar alerta
para não se perpetuar como um refém das leis, mas estar à sua frente oferecendo
uma educação de vanguarda, que possa refletir as novas dinâmicas sociais, as
tensões que demandam de uma sociedade mutante e a diversidade dos sujeitos; e
só então buscar seu referendo.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Entretanto, para que isso possa ocorrer será necessário que reflita a
forma de sentir e pensar dessa juventude que vive na contemporaneidade, cujos
pressupostos encaminham para a compreensão de se aliar a cultura ao trabalho,
tendo como princípio educativo um conhecimento que o conscientize quanto às
formas reais deste, inclusive a possibilidade de introduzir aí, a diversidade,
uma vez que, concordando com Miguel Arroyo, o mesmo tem gênero e tem raça (se
sabemos que o padrão é racista); tudo isso a partir de um conceito lúcido do
que seja juventude ou juventudes, como premissa.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Sabemos que a participação do sujeito jovem na dinâmica social não é
vista nem avaliada de forma ampla quando são propostas as políticas de
educação. É fundamental que outras dimensões do seu estar na vida, o seu
universo simbólico e emocional, não apenas a sua vida funcional, sejam
incluídos, de forma a que essas representações sejam mais legítimas e seu
contexto cultural possa ser reconstruído e representar seu modo de viver e
pensar.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Em muitas culturas existe uma tendência de se realizar estudos em que as
questões do jovem(s) são olhadas apenas como dilemas, o que termina por
apresentá-lo(s), tão somente, como um problema a ser encarado pela sociedade;
um problema para o qual há que se buscar solução; predominantemente quando se
fala em adoção de políticas para abertura do mercado de trabalho ou econômicas
de um país, ou mesmo, busca de formas para incorporá-lo(s) aos sistemas de
ensino, o fenômeno é sempre observado nessa ótica, o que tem trazido como
conseqüência, a ausência, em suas vidas, de oferta de conhecimento e oferta de
outras possibilidades; de bandeiras e de sonhos.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Para que isso possa ocorrer será necessário que se mude essa dinâmica e
o(s) jovem(s) possa(m) ser ouvido(s); é importante que se possa entender o seu
universo; como pensam e como gostariam de se expressar; assim, considero da
maior importância que o professor conheça quais os possíveis caminhos que o conduzem
à aprendizagem; quais caminhos subjetivos são percorridos, desencadeados pelas
profundas mudanças fisiológicas, psíquicas, conflitos emocionais, rejeição à
autoridade, ao próprio corpo, posicionamento quanto à sexualidade, à
necessidade de decidir sobre o futuro, para que a aprendizagem se efetive, vez
que é nesta fase que é obstado a definir para si um caminho profissional; por
todas estas, entre outras motivações, se torna extremamente difícil lidar ao
mesmo tempo, consigo mesmo, com os outros e com o mundo.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Em que pese já existirem muitos trabalhos de educadores e pensadores
sobre a forma como se traduz o significado político e cultural de juventude(s)
e considerações do que é ser jovem(s), ela deve ser vista e analisada de
maneira bastante oxigenada e livre, se sabemos que os desejos, as necessidades
e a incorporação de novos conhecimentos são especialmente dinâmicos e mutáveis;
aberta e sem amarras ou preconceitos, vez que nenhum desses conceitos é rígido
e deverão existir momentos específicos para que se considere um ou outro, pois
precisarão ser consideradas questões vitais, como: situação sócio/econômica;
origem étnica; questões de gênero e religião, além de todas as vivências
citadas acima. Entendo de fundamental importância sejam observados os momentos
em se deve levar em conta o fenômeno “juventude” no singular e/ou no plural;
entretanto, o seu universo, seja como for, precisa ser considerado de forma
mais abrangente, apontar para a dilatação dos seus horizontes e estimular a
utopia.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12.0pt;"><o:p></o:p></span><br />
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;"><br /></span>
<span style="color: black; font-family: "times new roman" , serif; font-size: 14.0pt;">Do meu livro: "A arte como possibilidade do desenvolvimento cognitivo"</span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-17895509897382300792019-04-08T09:48:00.002-07:002020-05-10T07:38:36.745-07:00 "Esmeraldo de Situ Orbis", obra escrita pelo militar e cartógrafo português, Duarte Pacheco Pereira (Guacira Pacheco Maciel).Esta pesquisa compunha, originalmente, o romance "Cruz do meu rosário: um amor na Chapada", mas foi retirado pela autora, e encontra~se em outra obra.<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Não foi encontrado nenhum registro documental que comprove que esse
ilustre personagem da Corte Portuguesa tenha sido, de fato, um ascendente da
família de Marta, mas, além do retrato a bico de pena nostalgicamente pendurado
numa parede do palacete sede da fazenda, já bem mais velho que as reproduções
posteriormente encontradas em pesquisas, tão vivo na memória de Isadora,
apaixonada pelo assunto, consta em relatos orais de tios e antigos empregados,
que a história do parentesco é verídica. E mais, em gerações posteriores da
família, existem alguns descendentes homônimos, como uma espécie de homenagem
póstuma ao famoso personagem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Também não foram encontrados na pesquisa realizada, documentos que
registrem sua passagem pela Bahia e nem sua permanência no Recôncavo Baiano a
ponto de ter tido algum relacionamento que tenha lhe dado herdeiros, nem que
tenha sido proprietário de um engenho de cana de açúcar...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Entretanto, essa história é tão cheia de elementos e de fatos coerentes,
que passou a ser aceita pela parte mais velha da família que viveu na região,
no período posterior àquele. Vejamos: <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Entre o período em que esteve no auge de sua atuação como navegador, prestigiadíssimo
pelo rei D. Manuel, e sua desgraça por razões políticas - já que o rei morrera
e seu sucessor se deixara influenciar por intrigas, e é sabido que ele foi
acusado de cuidar mais de seus interesses pessoais do que das questões do reino
- e consequente prisão e morte, há um hiato de longos anos. Onde estivera, uma
vez que sua experiência como navegador era vasta e de comprovada competência?
após exaustiva pesquisa nos registros através da Internet e documentos de
historiadores, não foi explicado o seu paradeiro depois de ser solto, até sua
morte, “em idade avançada”...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Quanto à tese do “descobrimento”, há uma interessante análise feita por
Francisco Contente Domingues, historiador, acadêmico da Universidade de Lisboa,
autor de “A travessia do mar oceano. A viagem de Duarte Pacheco Pereira ao
Brasil em 1498” [2012],<span style="mso-spacerun: yes;"> segundo a </span>qual, o mais
importante na discussão não se refere à “descoberta” feita por Duarte Pacheco,
mas ao fato de que ele teria passado pela costa brasileira e não teria visto o
que deveria, simplesmente, porque a visão que tinha de mundo àquela época não o
permitira, fato análogo teria ocorrido quanto à chegada de Cabral, já que os
indígenas nunca haviam visto uma caravela como aquelas do período das “grandes
navegações”, aliás, esse fato é amplamente explicado pela Mecânica Quântica. Da
mesma forma, pode-se perguntar: o teria pensado Duarte naquela viagem, quando
se deparou com aquela extensa e desconhecida terra? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
No seu livro, “Esmeraldo de Situ Orbis”, Duarte Pacheco refere, mesmo que
sem muita clareza, que o rei D. Manuel o teria mandado descobrir “uma tão
grande terra firme a Ocidente do Atlântico”... embora seja essa tese pouco
convincente aos olhos de alguns, por ausência consistente de provas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
O historiador J. Barradas de Carvalho, historiador português, autor de
“La traduction espagnole du De Situ Orbis”,<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>em estudo sobre o famoso cartógrafo ressalta a importância da sua obra
para o do Renascimento português e entende como verídica e realizada a tese da
exploração chefiada por ele, cujo destino provável era mesmo a costa
brasileira, tendo passado além da linha definida no Tratado de Tordesilhas,
razão pela qual o “Esmeraldo” foi guardado por tantos anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;">
Também na interpretação do historiador Jorge Couto, em seu livro “A
construção do Brasil”, dados ali registrados poderiam, sim, comprovar que
Duarte Pacheco Pereira realizou essa missão tendo atingido a costa brasileira
na região do Maranhão e foz do Amazonas, com a intenção de calcular a
localização do meridiano de Tordesilhas, se aproximando do litoral brasileiro,
que pertenceria à Espanha, o que não inviabiliza o fato de que tenha estado na
Bahia em suas andanças posteriores. Esse aspecto político-diplomático
explicaria o fato de o rei de Portugal ter escondido o feito e os resultados obtidos
pela expedição realizada pelo cartógrafo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Muitas são as versões sobre a vida e a permanência de Duarte Pacheco no
Brasil, inclusive, de que teria, em aqui ficando, traficado africanos para
serem escravizados, sendo uma possível explicação para a fortuna que voltara a
acumular, já que a havia perdido por ocasião de sua prisão, mesmo que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>tivesse, ele e sua família, voltado a receber
dinheiro da coroa após a soltura... se é verdadeiro ou não,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é muito difícil comprovar, mas também não
seria uma hipótese impossível, uma vez que o famoso personagem, como já
referido, caira em desgraça com a morte do rei D. Manuel, em 1521, e ascensão
de D. Jõao III. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Em 1490 figurava como<span style="color: red;"> </span>membro
da guarda pessoal do Rei; em 1494 estava entre os representantes escolhidos por
D. João para negociar a fixação dos limites do Tratado de Tordesilhas<span style="color: red;">. </span>Apesar de tão questionado, uma das passagens mais
debatidas do Esmeraldo parece indicar a sua participação numa expedição enviada
por D. Manuel ao Atlântico Sul, em 1498, onde teria sido vislumbrada uma
considerável massa de terra firme, que seria o Brasil, cuja população indígena
do litoral é descrita, na obra, com detalhes</span><strong><span style="font-weight: normal; mso-bidi-font-weight: bold;">: “… são pardos quase
brancos; e estas são gentes que habitam na terra do Brasil, de que já no
segundo capítulo do mesmo livro fizemos menção”. <o:p></o:p></span></strong></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Sua grande experiência náutica e cosmográfica o teriam
levado a participar de outras importantes expedições, com muitos êxitos, que
trouxeram considerável reconhecimento e consequente melhora na sua condição
social.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Por volta de 1508, teria começado a escrever o
Esmeraldo de Situ Orbis, precisando interromper, pois, entre 1509 e em 1510 fora
de novo convocado a servir a Coroa, no mar. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Em 1519, Duarte Pacheco Pereira voltou à África como
capitão da fortaleza de S. Jorge da Mina. No entanto, a morte do rei, em 1521, acabou
com esse rico período da vida e da carreira de Duarte Pacheco Pereira,
terminando em desgraça em conseqüência da nova conjuntura política que elevou
D. João III ao trono. Em 1522, Duarte foi aprisionado e encaminhado de volta ao
reino, com uma acusação pouco convincente, que culminou com a total perda de
seus bens.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Apesar de ter sido inocentado e posto em liberdade,
nunca mais ele conseguiu o prestígio anterior. Os problemas com a Coroa se prolongaram,
obrigando-o a lutar pela restituição dos seus bens e pelo pagamento “atempado
da tença” anual à qual tinha direito<span style="color: red;">. </span>Nessas
condições, ele chegou a se colocar à disposição para serviço do Imperador
Carlos V, chamado Imperador do Mundo (de Espanha e Alemanha), o que nunca se realizou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Consta que viveu em Portugal até o final de sua vida, tendo falecido
em data desconhecida, entre os anos 1531 e 1533.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Porém, cabem aqui alguns questionamentos: um homem inteligente, dinâmico
e grande conhecedor dos segredos dos caminhos náuticos e dos Oceanos, e de tão
gandes conhecimentos de astrologia,<span class="texto"> conhecido pelos seus
feitos militares, mitificados pelos cronistas e cantados por poetas como Luís
de Camões, autor de uma obra inquestionavelmente importante para a navegação,
cujos quase exatos cálculos, até hoje não foram refutados, teria se conformado
em morrer na quase miséria e no ostracismo, podendo fazê-lo de forma totalmente
diferente e aventureira, como era da sua natureza? seus amplos conhecimentos o
teriam deixado conformado em casa, inútil, podendo voltar por conta própria,
apesar dos parcos recursos, a explorar o mundo, ou mesmo o Brasil e seu extenso
e luxuriante litoral, que não lhe era desconhecido? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Bem... que certeza se tem de que o Esmeraldo, cuja escrita
fora interrompida em 1508, teria mesmo ficando inacabado? a cópia conhecida e
registrada pela História, diz: “foi publicada pela primeira vez em 1892,
ficando, desde então, clara a sua importância como roteiro náutico e
geográfico, tratado cosmográfico e relato histórico, súmula do conhecimento
adquirido por Duarte Pacheco Pereira ao longo da sua existência”. Seria ela,
conhecendo-se sua importância, a única e verdadeira cópia se ele tivesse
voltado à aventura dos mares?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span class="texto">Será que Duarte, tendo conhecido a potencial grandeza
de tão misteriosa e rica terra, </span>“uma tão grande terra firme”, nas atuais
circunstâncias, sem compromissos reais, a ignoraria? e mais, ele também esteve
em missão na África e conhecia os roteiros de navegação, e a situação econômica
dos habitantes da “Colônia” – o Brasil -, que precisavam de mão de obra barata
para o cultivo da cana de açúcar. Por que a hipótese não comprovada de que
tenha feito viagens para traficar pessoas para serem escravizadas pelos
fazendeiros seria tão inverossímil? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
Outra não tão improvável seria a versão de que teria vivido no Recôncavo
Baiano e lá fundado, ele mesmo, um Engenho de cana-de-açúcar e deixado
descendentes... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 42.55pt;">
Seriam essas convergências tão absurdas? absurda mesmo, seria a versão de
que tenha se conformado em viver no ostracismo e na miséria, podendo ter uma
vida extremamente aventureira, sedutora e lucrativa, no caso do Engenho, embora
esse pudesse ter sido um desdobramento ou consequência do possível tráfico de escravos.
Além de todas essas questões, tem o fato de ter sido tratado de forma injusta
pelo do rei e ficado inconformado em viver no esquecimento e sem condições
financeiras, depois de ter sido cantado nos versos de Camões...<o:p></o:p><br />
<br />
Pesquisa realizada pela autora, para o romance "Cruz do meu rosário; um amor na Chapada", que, entretanto, foi excluída do mesmo.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-59194679921170256642018-08-29T11:41:00.004-07:002018-08-29T11:55:07.841-07:00 Histórias para Arthur. Literatura Infanto juvenil (Guacira Maciel)<br />
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span style="font-size: 18pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 18.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><b><span style="font-size: 20.0pt;"> </span></b><span style="font-size: 26.6667px;"><b>Raízes</b></span><span style="font-size: 20pt;"><b> da
Cultura Brasileira para crianças;</b></span></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 20.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>contando a verdadeira história. (Trilogia).<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 20.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 20.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-size: 18.0pt;"><o:p> </o:p></span><b style="text-align: justify;"><span style="font-size: 18.0pt;"> </span></b><b style="text-align: justify;"><span style="font-size: 18pt;"> Livro I -
Índios; os donos da terra</span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Livro II - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Navegadores portugueses; esses seres <o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>estranhos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="color: black; font-size: 18.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Livro III - <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Africanos; escravizados
na nova terra<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 18.0pt;"><o:p> </o:p></span><b><span style="font-size: 20pt;"> Ensino Fundamental de 1º ao 5º ano;</span></b><b><span style="font-size: 20pt;"> com sugestão de trabalho para a sala de aula</span></b></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><span style="font-size: large;"> Buscando uma Editora para publicar este trabalho.</span></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><b><span style="font-size: 14.0pt;">Apresentação</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<o:p> </o:p></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Ao nascer o meu primeiro neto,
não me saiu da cabeça que ele não poderia crescer sem saber a verdadeira História
do seu povo, e comecei a pensar numa forma de fazer isso, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>para que ele já cresça sabendo a verdade,
mesmo que na escola, por algum tempo, ela ainda vá ser contada de forma fantasiosa...
</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Mas como fazer isso? Pensei...</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Não queria que ele a entendesse
como história do meu imaginário de avó, que<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>conta histórias inventadas na hora de fazê-lo dormir; por esta razão,
resolvi publicá-la para que outras pessoas: avós, mães, e, finalmente, os
professores, as escolas e a sociedade pensem no assunto, analisem essa
possibilidade e tomem atitudes que possam ampliar a ideia a instâncias mais
amplas... Sei não ser uma decisão fácil, como não tenho a ilusão de que será
uma longa caminhada de reconstrução, uma vez que a atual versão foi elaborada
do ponto de vista do “vencedor”, e se arrasta por séculos...</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A partir dessas conclusões,
comecei a aprofundar meus questionamentos: quanta verdade estaria contida nos
conhecimentos que constituem a História que nos contam? Em minhas reflexões cheguei
a concordar com alguns historiadores sobre se o nosso país é híbrido ou
profundamente ambíguo... O que, realmente, constitui a nossa identidade como
povo, se o que consideramos nossos símbolos, não são apresentados em sua versão
verdadeira, ainda que não genuinamente nossos? </div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
A disseminação, insistente, de
uma história distorcida por interpretações errôneas e tendenciosas, contada do
ponto de vista do ‘vencedor’, como sempre ocorre, trouxe como legado a
construção de uma memória com raízes flutuantes, fato reconhecido por todos, embora
falte coragem para promover a mudança. Quem somos nós, povo brasileiro? Qual a
nossa verdadeira História? O que na nossa cultura, é mito, lenda, distorção ou
fruto de interpretação, muitas vezes preconceituosa, já que, invariavelmente, a
versão se sobrepõe ao fato histórico, com a finalidade de atender interesses dúbios?</div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Bem, decidi contar a Arthur o
que ainda está coberto por um véu de imaginário, mas que, se for encarado com
sensibilidade e honestidade, será desvendado... </div>
<div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os textos são leves, curtos e
pouco densos e a linguagem bastante adequada e compreensível, para que esses
conhecimentos se acomodem de forma natural e firme nas cabecinhas infantis, mas
a intenção é mais profunda... É ajudar a desconstruir distorções que considero
graves, porque se tornaram alicerce para uma grande fábula... </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 16.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;">Justificativa</span></b><span style="font-size: 14.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), <st1:personname productid="em seu Artigo" w:st="on">em seu Artigo</st1:personname> 58, refere: “no
processo de educação respeitar-se-ão os valores culturais artísticos e
históricos próprios do contexto social da criança e do adolescente,
garantindo-se a estes a liberdade de criação e o acesso às [verdadeiras] fontes
de cultura”.<o:p></o:p></span></b></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tomando essas orientações como
premissa, entendo ser uma atitude de respeito e reconhecimento dos direitos dos
cidadãos, alvo desse importante documento, garantir que passem a conhecer
gradativamente os verdadeiros fatos históricos e as culturas <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>formativas da “Cultura Brasileira”, em uma
versão, inicialmente, mais amena, para que alicerces firmes vão sendo constituídos.
</div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
No papel de educadora,
me pergunto: por que continuamos a divulgar entre nossas crianças e jovens uma História
falsa, tendenciosa, mitológica e recheada de monstros sagrados inventados? A História
que é contada nos livros didáticos é da carochinha, porque se fundamenta em personagens
fictícios, embora referendada e perpetuada, por atender a interesses de
pessoas, de grupos, de Instituições e até de países. Urge dessacralizar essa
construção contando a verdadeira História, ainda que híbrida. Não podemos
continuar a falar com eles sobre responsabilidade, honestidade, sobre formar
cidadãos críticos, se reafirmamos cotidianamente essa falta de clareza nas
escolas. Precisamos reconstruir nossa identidade, baseada na verdade, e fincar
nossas raízes em solo firme, para que elas possam se aprofundar, se fortalecer
e ramificar, levando esse povo a ter orgulho do que realmente é. Partindo dessa
compreensão e entendendo a necessidade de reunir coragem para isso, falarei
sobre alguns mitos criados por interesses historicamente aceitos; nesse caso,
não procede o fato de que, por ser aceita por um povo através dos séculos, uma
história inverídica termine por se tornar uma verdade. </div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Com a compreensão de educadora que trabalha
com cultura e com a nossa identidade como povo, entendo, em primeiro lugar, ser
fundamental a criação de um novo calendário, baseado na nossa verdadeira História,
em fatos verdadeiros. Mas para que isso seja possível precisamos contá-la. <br />
Até quando as escolas ensinarão às nossas crianças fatos históricos diferentes
daqueles que realmente ocorreram? Esses são brasileiros que continuarão sendo
enganados até que cheguem a uma idade em que começarão a se fazer perguntas e a
fazerem as próprias descobertas. É como negar a um filho a sua verdadeira
paternidade e anos mais tarde ele venha a descobrir que tudo o que construiu e
pensava fazer parte da sua identidade era uma mentira. Entender, desmistificar
e conviver com essa fantasia, fatalmente, irá gerar muitas dúvidas, muitas
dificuldades, medos <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e, até, vergonha do
seu pertencimento étnico. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Há poucos
dias, em uma das minhas incursões pelos distritos de Senhor do Bonfim – Bahia –
numa escola de Missão do Sahaí - comunidade remanescente de índios – conheci,
apresentado por uma professora, um adolescente que tem vergonha, e nega, ser
índio, porque segundo ele, os outros jovens fazem gozação, chamam, a ele e a
outros jovens da mesma origem, de selvagem, burro, etc.</div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Também é
injusto que tantas pessoas dediquem suas vidas a estudos, com objetivo de buscar,
descobrir e evidenciar essa identidade, essa gênese histórica - muitas vezes desafiando
o poder dominante, ora na ficção, através de personagens, ora em incansáveis estudos
e pesquisas sobre fatos não revelados, mostrando os “heróis de nossa gente”, em
que buscam desconstruir fatos, e personagens reconhecidamente verídicos, dando
a conhecer os pequenos heróis que subjazem no limbo da historiografia
brasileira, desenvolvendo uma espécie de “anti história” o que, de certa forma,
vem desterritorializando as estruturas político sociais, que têm interesse em
continuar contando a história do ponto de vista do ‘vencedor’ - e a essas
pessoas seja negado o direito de conhecer os resultados de tão árduo e
incansável trabalho. O que ficará suavemente evidente aqui, através de uma
linguagem delicada e apropriada acerca dos donos da terra, da “colonização” e
da escravização de pessoas, é a minha intenção de começar a mostrar a versão que
não é contada nos livros didáticos, nem na Literatura,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>ou seja, a compreensão de que a História é
contada de forma tendenciosa, resultando <st1:personname productid="em uma Histria" w:st="on">em uma História</st1:personname>
imaginada e estabelecida por aqueles que se consideram “elites étnicas e sociais”,
reforçando o que há muito se vem denunciando. Sabemos que as fronteiras dessa História
estão povoadas de versões das minorias invisíveis, das assombrações, dos
fantasmas que amedrontam, não significando, porém, que não existam, mas que, forçosamente,
têm construída a sua morada num “entre lugar”, como os, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>verdadeiramente, sem teto, sem terra, sem
camisa (padrão) do time, lugar onde precisa se alojar a “intervenção crítica”.</div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Nesse caso, a
“heterogeneidade não se homogeneíza” na unidade da história que já foi contada;
ao contrário, é uma voz que se levanta e resiste como uma realidade
contraditória, embora subjacente, indelével; similares a operadores booleanos,
esses fantasmas definem seus caminhos e estratégias de busca, com um software
específico. A História desse país se oferece como um rico hipertexto, em que
nós, os sujeitos do conhecimento, precisamos nos recusar a seguir em frente
ignorando aquilo que não foi contado ou o foi de forma distorcida, para
descortinar um rico percurso que subjaz nas entrelinhas, nas fronteiras, no
limbo...</div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
É preciso
rever essa História e desalojar esse estado de epifania que ela assegura aos
que a vêm contando até hoje. Ela é uma ficção gestada nos descaminhos da História
real, porque comprovações documentais vêm sendo encontradas e contam a outra
versão; elas são avaliadas por estudiosos e não podem ser desconsideradas.
Fundamentada no pensamento de Boudelaire, também uma verdade absoluta e eterna
inexiste, ou melhor, é ficção que se torna pobre diante do fato de não se
considerar outras possibilidades, outras dimensões, até porque, a escrita da História
oficial está fundamentada em mecanismos ideológicos. É importante, fundamental
mesmo, que esse foco sacralizado seja deslocado, desterritorializado,
estabelecendo-se, no mínimo, um processo dialógico com as outras percepções, em
busca da História verdadeira.</div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Em “Meu querido
canibal”, de Antonio Torres, há o impressionante episódio que, presume-se ter
durado de <st1:metricconverter productid="1554 a" w:st="on">1554 a</st1:metricconverter>
<st1:metricconverter productid="1567, a" w:st="on">1567, a</st1:metricconverter>
“Confederação dos Tamoios”, que para o historiador Edmundo Moniz, foi um dos
mais importantes capítulos da nossa História e considerada como a primeira
reação [organizada] dos nativos, donos da terra, que desestabilizou a confiança
dos “colonizadores”, que, entretanto, “não estavam iludidos quanto ao potencial
de investida dos Índios sobre o território de São Paulo e Santos, uma vez eram
donos de grandes extensões, como parte dos territórios do Rio de Janeiro e São
Vicente”. Porém, uma traição ao tratado de paz entre os Tamoios e os Jesuítas
levou os “colonizadores” à vitória. A falsa trégua foi, na verdade, um ardil
utilizado para ganhar tempo, enquanto esses estrangeiros recebiam reforços e
atacavam os desavisados e confiantes nativos. E assim, entre milhares de outros
exemplos, foram forjados os heróis da História do Brasil.</div>
<div style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-size: 18.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 18.0pt; line-height: 150%;"><o:p> </o:p></span><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14.0pt;">Objetivo Geral</span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 18.0pt;"><o:p> </o:p></span><span style="text-indent: 35.4pt;">Dar um pequeno passo no longo e árduo caminho da verdade, para começar a contar
às nossas crianças a sua verdadeira História, a História do Brasil</span><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Objetivos Específicos<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<ul style="margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Contar às crianças uma bonita e verdadeira
história: a História do Brasil.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Usar o recurso das lendas para ajudá-las a estabelecer
diferenças e limites entre verdade e fantasia.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Levar ao seu conhecimento como ocorreu, de fato, a
formação do povo e da cultura do Brasil.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Falar especialmente sobre os primeiros habitantes e
donos das terras.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Desconstruir o mito da “colonização”, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>evidenciando os aspectos da dominação.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Refletir sobre a diferença entre índios <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“preguiçosos e indolentes” e diferenças
culturais.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Refletir
sobre a diferença entre “negros escravos” e “negros escravizados”</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Evidenciar a importância da cultura européia na
formação da cultura brasileira e</li>
</ul>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>as relações que se criaram entre as
três culturas formadoras da mesma</div>
<ul style="margin-top: 0cm;" type="disc">
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Mostrar a beleza, inclusive nas artes, das nossas
raízes culturais.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Abrir espaços ao professor e estimular o trabalho
interdisciplinar.</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Estimular o imaginário das crianças</li>
<li class="MsoNormal" style="line-height: 150%; mso-list: l0 level1 lfo1; tab-stops: list 36.0pt; text-align: justify;">Ajudar na formação de leitores.</li>
</ul>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-align: justify;">
<span style="font-size: 18pt; line-height: 36px;"> </span><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 18pt;">A</span></b><b style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: 14pt;"> leitura no processo de ampliação cognitiva</span></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 36pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-indent: 35.4pt;">
<em><span style="font-style: normal;">Para a Neurociência</span>, “Cognição refere-se a um conjunto de</em><strong><i> habilidades cerebrais/mentais</i></strong><em> necessárias para a obtenção de </em><strong><i>conhecimento</i></strong><em> sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções.”</em></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px;">
A Literatura infanto juvenil tem ação importante como coadjuvante no processo de</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px;">
reconhecimento, aceitação e fortalecimento das identidades, que deve ser iniciado nessa importante fase da vida, porque o faz de forma lúdica, já que a fragilidade infantil é fortemente agredida pelos preconceitos, e a Literatura trabalha suave e sutilmente essas dores guardadas, encaminhando para a construção da auto estima positiva e, quem sabe, da cura. Os preconceitos precisam sair do limbo onde são gestados e sobrevivem, incomodando, de forma silenciosa e subjacente, para que sejam reconhecidos e tratados com os devidos cuidados.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 24px; text-indent: 35.4pt;">
A Literatura, como arte, faz esse papel de conciliação entre os dois universos, porque evidencia as questões mais íntimas, guardadas como forma de proteção. Nessa perspectiva, ela também enriquece, amplia e aprofunda o processo cognitivo infantojuvenil, porque estimula a criatividade que é um processo tão subjetivo quanto a própria cognição</div>
<div>
<br /></div>
</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-77744891884167532912018-07-05T07:35:00.003-07:002018-07-05T07:35:32.602-07:00Os números... Guacira Maciel<br />
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Comic Sans MS"; font-size: 16.0pt;">Os números...</span></b><span style="font-family: "Comic Sans MS"; font-size: 16.0pt;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Hoje pela manhã,
tomava calmamente o meu cafezinho descafeinado e fumegante, enquanto pensava no
significado nada ortodoxo que os números têm para mim... sempre tive uma
percepção algo esquisita sobre eles, mas essas reflexões me vieram à mente mais
uma vez, hoje, porque, como sempre faço todas as noites, dei uma olhada no meu
blog e vi o número de votos que, milagrosamente, ainda está sendo registrado,
uma vez que a votação para um concurso foi encerrada e os três finalistas
escolhidos. Devo dizer que valorizo muito o fato de votarem em meu blog, porque
isso se traduz num retorno, que é um incentivo ao meu empenho para escrever
mais, buscando imprimir sempre mais sensibilidade e qualidade aos textos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Bem...voltemos
aos números e à impressão estranha que me causam... aguda sensação de que
quinhentos e quarenta ou setenta ou noventa, não importa, é maior que
seiscentos; que setecentos e trinta ou quarenta ou oitenta é maior que
oitocentos e por ai vai. Posso explicar: os zeros me dão a ideia de imprecisão,
e não, de infinitude...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Sei que isso
poderá parecer incompreensível, incongruente; aliás, me perdoem os matemáticos,
mas isso é muito forte e vivo em minha imaginação, embora me encante o ifinito;
não gosto de nada fechado e os zeros me dão essa forte impressão... .até
porque, mesmo que o zero não seja um conjunto vazio, e sei que não é, ele é a
representação de algo concluído e com restrição ao infinito; elemento de um
universo que pressupõe limite, e a representação numérica sem ele me dá a
sensação de muitas possibilidades, de caminhos e de caminhar...Deve ser essa
forte sensação de transitoriedade que vejo em tudo, mesmo nos infinitos...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Mas não pensem
que não sei ou deixe de valorizar a importância que o zero tem, estando à
direita no meu salário, por exemplo... ali, aceito tantos zeros quantos
quiserem acrescentar...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-16287199185604040222018-06-28T06:49:00.001-07:002018-06-29T05:10:58.213-07:00Fantasmas... (Guacira Maciel)<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Fragmento. Em homenagem a meu pai
e à terra que ele amava)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span></b>Estou escrevendo sobre uma saga de família, da Chapada Diamantina,
mas não posso continuar sem tomar partido, sem optar por uma tonalidade,
fingindo que todas elas são iguais...<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Hoje, aquela parece uma terra sem filhos; terra cujos seios foram sugados
até sangrar; cujo ventre teve suas vísceras expostas, reviradas e devoradas por
batalhões de formigas gigantes, predadoras, silenciosas, vorazes, que lhe
sugaram os mais íntimos sucos, deixando-a calcinada, exangue, murcha, exaurida
e caída sobre as próprias dobras de pele ressequida, onde se formaram enormes
buracos que expunham como fantasmas esfarrapados, as entranhas de uma terra sem
orgulho, sem pudor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Os dedos sangrentos pelas marretadas cujas articulações mais pareciam
antigas dobradiças, já invisíveis por causa do inchaço, faziam lembrar
garras; dentes podres em bocas de hálito fétido, somado ao oco de estômagos
completamente vazios a dias, famintos, donde só se ouviam os ecos dos gases que
os empanzinavam e iludiam. Olhos cuja menina se transformara em raios
febris, ardentes, que se perdiam nas noites orbitais, fundas; olhos sem brilho,
vítreos, vermelhos por causa da graça do sono que não lhes fora concedida,
assentados sobre caras mascaradas pelo pó que esculpia novos seres, e tão
permanente nas escavações, que não poupava nem o terceiro olho que, por vezes,
se lhes acrescentavam, fazendo lembrar os terríveis ciclopes. Eram restos de
unhas ocres, purulentas, que rasgavam a nu a terra, ferindo e infectando sua
mucosa antiga, brilhante e acetinada, buscando usufruir de um cio que não lhes
era devido.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
E os corações? deles, o grito ensaiado para a hora esperada, e temida, que
sequer lhes chegava à garganta por ausência da saliva lubrificante; apenas um
choro seco vertido sobre corpos desidratados, quase mumificados, que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>se arrastavam com seus dorsos alquebrados
sobre a desistência da terra e seu silêncio dolorido. O mais inacreditável é
que, ao fim do dia, do qual já nem lembravam a luz, o brilho, a cor, pareciam não ter sido afetados. Não se queixavam, não desanimavam de alcançar o objetivo
primeiro; geralmente, só a morte os arrancava dali; não desistiam do seu sonho; mas de si,
via-se que sim! porém, pareciam já anestesiados, não exibiam a dor que lhes
oprimia o peito, fazendo abater a alma... <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Na Chapada, o final do século XIX trouxe o novo regime político ( República ), e mudanças profundas, e o medo deu origem ao “coronelismo”. O governo, como
alternativa de convivência com o sertanejo, começou a vender patentes - de até
coronel - da Guarda Nacional, nomeando-os para ocuparem cargos na administração
federal, o que fomentou uma guerra entre os coronéis de Minas Gerais e da
Bahia. O lado vencedor, liderado pelo coronel Horácio de Matos, da Bahia, foi considerado
o grande líder na região, porque os mineiros serranos representavam grande
população nos garimpos da Chapada do lado de lá, apesar de saírem daqui da
Bahia, as toneladas de ouro e diamantes para a Europa e todo o mundo, ainda que
as Minas Gerais fossem também uma região de subsolo muito rico e de lavra...</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
Do meu romance, a ser publicado em breve: "Cruz do meu rosário; um amor na Chapada".<br />
<br />
<!--[if !supportLineBreakNewLine]--><br />
<!--[endif]--><o:p></o:p></div>
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-88469154158779611412018-06-26T07:44:00.001-07:002018-07-03T08:49:28.537-07:00Pois é.... (Guacira Maciel)Voltei...voltei, depois de um tempinho sem postar e sem inspiração para escrever, porque minha maior fonte de inspiração, meu companheiro de outras vidas, desencarnou antes de mim, como queria...apesar de eu ter dito que queria ir primeiro, daqui a mais uns aninhos....<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A prestigiada Sorbonne foi criada por Roberto de Sorbon, em 1257, onde, inicialmente, eram deliberadas as questões gerais da Faculdade de Teologia, vindo depois a ser conhecida com o atual nome, Sorbonne, e a ganhar lugar de destaque na sociedade, inicialmente, por intrometer-se em questões sobre as quais não tinha autoridade para arbitrar. Mas seu poder se tornou tão grande, que, com frequência, era consultada para opinar sobre contendas as mais inusitadas, como assuntos legais. Entretanto, ela sempre foi uma referência, sendo sua Biblioteca, considerada a Oitava Maravilha, e sua Metodologia de ensino e oráculos como modelos. Mas ela, pretensiosamente, se envolvia em outras áreas, chegando a emitir veredictos que eram inquestionáveis, influenciando a opinião pública, e os juízes não ousavam contrariar.
Por exemplo, quando Martinho Lutero, monge agostiniano e professor de teologia, se insurgiu contra a igreja católica, e o que entendeu abuso de autoridade papal, a questão não teve repercussão a não ser nos meios eclesiásticos. Naquela época, poucos tinham acesso à Bíblia, inclusive porque a única tradução disponível estava em latim, e, como Lutero sabia ler latim, além da língua hebraica, língua original em que fora escrita, esse conhecimento permitiu que ele explicasse as Escrituras para que as pessoas comuns pudessem entender, chegando a criticar a igreja católica por estar manipulando-as e se desviando da verdade.
No entanto, o que mais chamou a atenção e tornou Lutero mais conhecido, foi sua coragem e a revolta contra a venda de indulgências por parte de padres, que ensinavam ser possível comprar o perdão dos pecados mediante o pagamento de dinheiro à igreja; eles chegavam a montar uma espécie de tenda para a venda à frente dos templos... esse comércio absurdo inspirou Lutero a escrever as ”95 Teses", provocando um grande debate com a liderança da igreja católica.
Já tinha havido outras tentativas de reformar a igreja, em vão; as pessoas que ousaram eram ignoradas ou firmemente perseguidas. A insurgência de Lutero desagradou a Sorbonne, que o acusou publicamente de “herético, falso profeta e anticristo”, transformando a questão em algo muito maior e mais sério, banindo o monge dos seus espaços de ensino do grego. Ela afirmou que o estudo dos clássicos conduzia à heresia e quem se dispusesse a ler a Bíblia no original, e procurasse aprender o hebreu, era destinado a morrer queimado. Em sua ortodoxia, só os padres regulares podiam “estudar escritos antigos e analisar as novas contribuições da civilização”.
Fato é que Lutero não foi queimado, embora perseguido pela Inquisição, e, tendo se recusado e desmentir suas afirmações, foi excomungado da Igreja Católica. A partir daí, ele e aqueles que o apoiavam, inclusive muitos nobres que não gostavam da interferência da igreja em seus assuntos políticos, foram, definitivamente, separados de outros católicos e fundaram igrejas que ficaram conhecidas como Protestantes. Esse movimento cresceu e se espalhou pelo norte da Europa.
Martinho Lutero continuou sua vida de pregações e professor, se casou com uma ex freira, teve alguns filhos e morreu aos 63 anos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
(Referência, J.W. Rochester, do livro “A noite de São Bartolomeu”).
</div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-44659166239221823472017-04-06T17:31:00.001-07:002020-02-18T07:01:29.952-08:00Analogias entre representações de signos culturais na obra de Machado de Assis, Literatura da segunda metade do século XIX no Brasil, e representações desses signos na Literatura contemporânea.<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">Percebe-se
uma similaridade entre a natureza das representações do contexto da vida
brasileira da segunda metade do século XIX, nos signos culturais evidentes na
riquíssima e desafiadora obra de Machado de Assis, sabendo-se que ele tinha
consciência de estar formando um público leitor das questões eminentemente brasileiras, ao explorar personagens, ambientes e situações desse contexto, quando o leitor
comum ainda tinha como referência as traduções do romance francês do período
anterior, e os signos da cultura contemporânea, em que se vê representada uma grande
diversidade, em consequência das profundas mudanças ocorridas na sociedade brasileira, com
símbolos extremamente robustos, conscientes dessa realidade, em que grupos
antes excluídos, hoje fazem valer seu direito de se representar. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Machado
explorou um contexto de diversidade, profundamente transitório e movediço,
pois sua trajetória se iniciou ainda durante o romantismo do início do século. Entretanto,
em sua obra, a presença da experiência contemporânea, plena de dramas
profundamente humanos e alvo da hipocrisia e do preconceito, mesmo que de forma
sutil, se fazem representar, suscitando a necessidade de muitas indagações. O
comportamento do homem diante de suas próprias pequenas tragédias cotidianas, parecia interessar-lhe sobremaneira. Como e quais caminhos teria percorrido
para explorar questões referentes ao homossexualismo e homossexualidade, o adultério feminino e a
segregação social naquele período, mesmo, ainda que tenha sido, ele mesmo, oriundo do morro, uma vez
que era filho de uma lavadeira e um pai negro, com marcas da escravidão, e
superado as próprias dificuldades? à custa de muita determinação? Ainda assim, se,
de um lado, escreveu grande parte de sua obra no contexto do Realismo e do
Naturalismo, também se fantasiou da camuflagem do romantismo, e mais, ora
recorrendo ao fantástico, ao delírio, à excentricidade, traindo de certa forma,
os motivos mais íntimos que o levaram a decidir pela nova fase da literatura,
abandonando os percursos de influência de culturas alienígenas, também deixou-se
seduzir por experiências anteriores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Em
sua obra, usou recursos literários de subjetividade ainda não explorados na
realidade brasileira do período, com requintes que induzem a uma experiência
acumulada que suscitam, ainda, muitas especulações. Quanto ao narrador, ora assume
as vestes do narrador-personagem, diferente do narrador de terceira pessoa, "que
tudo vê e de tudo tem conhecimento, mas, paradoxalmente, ausente e sem
consciência da presença dos outros personagens".</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">.</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Entretanto,
o narrador-personagem de Machado, embora presente em determinadas falas, fica
impossibilitado de conhecer o íntimo dos outros personagens e narrar cenas em
que ele mesmo não esteja presente. Seria ele como um combatente, um possível
narrador da experiência desumanizadora da guerra, que nada tem a dizer em seu
retorno, corroborando a teoria da
privação da faculdade de partilhar experiências?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Por
outro lado, saindo de Machado, numa divagação, em contraposição à teoria de que
as “ações da experiência estão em baixa”, encontramos a fantástica e deliciosa
narrativa de Marco Polo à Kublai Kan, em Cidades Invisíveis, de Italo Calvino,
que, como Machado, poderia se aproximar do narrador pós-moderno na segunda
hipótese de Santiago: aquele que transmite uma sabedoria que decorre da
observação e não se alicerça na “substância viva da sua experiência". Nesse
sentido, seriam, ambos, puros ficcionistas, uma vez que não poderiam comprovar
a autenticidade da informações? da vida de Machado só se conhece hipóteses; nada
se sabe dito por ele mesmo... <o:p></o:p></span></div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-19310540991301191252015-06-09T15:04:00.002-07:002015-06-09T15:04:27.746-07:00Poesia...Asas...<br />
retorno à noite original<br />
paixão minuciosa<br />
febre...<br />
composição de bocas<br />
olhos<br />
mãos<br />
e pele intocável...<br />
espaço de drama<br />
percepção sutil do voo<br />
ecos derramados nos picos mais cristalinos<br />
trazidos gris...<br />
no profundo grito de aves que não repousam<br />
mensageiras<br />
como ondas furtivas<br />
carrega teu tesouro poesia<br />
a paz<br />
o sangue latejante como águas de março<br />
e o canto do vento suave de lugar nenhum<br />
há em ti filosofia e lágrimas<br />
a força de um colosso<br />
na fragilidade lilás<br />
e na serrilha das folhas novas<br />
conténs a inexistência<br />
do primeiro e diáfano orvalho<br />
os receios da primeira amamentação<br />
e a força letal da fera sem saída<br />
a impetuosidade sem cuidado do primeiro cio<br />
e o torpor que permanece depois da tempestade<br />
sai do meu peito e escorre límpida<br />
te rejeito impura<br />
engrossa os lagos<br />
abre-te ao balé do cisne<br />
acaudala os córregos<br />
generosa<br />
mergulha no ser e me traz pérolas e esmeraldas<br />
[gosto das suas tonalidades]<br />
mas não te quero aqui<br />
prisioneira...<br />
<br />
<br />Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-18606772487325963112014-12-22T07:47:00.001-08:002017-09-05T09:31:22.235-07:00Presente crônico. (Epílogo de Sherezade Contemporânea) Guacira Maciel.<b style="text-align: justify;"><span style="line-height: 150%;">“</span></b><span style="line-height: 150%; text-align: justify;">Na verdade, mesmo
se comportando como um sultão, era como se sentia, ele, como nenhum homem,
tem poder de vida e de morte real, mas o tem de forma subjetiva, pois após esse
frustrado casamento em que se considerou traído – o que merece uma análise mais
criteriosa – criou um delírio ao exigir da vida uma relação homem/mulher
absolutamente perfeita. O seu não desejo de viver plenamente uma relação, constitui-se sua forma de morrer e de matar. E, embora não tenha conseguido
morrer fisicamente, simbolicamente mata a mãe, aquele útero que ainda o
aprisiona, e a ex-mulher, pois ambas o traíram nas mulheres com quem se
relacionara apenas no tempo presente; um presente crônico em que sempre experimenta um amor
fugaz, sem futuro (dimensão onde poderia ser outra vez traído)<span style="font-size: small;">, <span style="font-size: small;">o</span></span>u seja,
estando sempre no presente, reconhecendo apenas essa dimensão de temporalidade
restrita, acredita vencer o futuro, anulando a possibilidade de sofrer outra
vez a mesma dor.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 36.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Entretanto,
eu, como aquela outra, venci o meu sultão e venci o tempo. Eu o encantei, e
enquanto estivemos juntos<span style="font-size: small;"> um forte</span> sentimento nos uniu no presente que vivemos e, mesmo temendo um futuro comigo, esse presente esteve, sim, no futuro, ou
aquele irrealizável futuro foi vivido no tempo presente...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 36.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: small; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>Sei
que não mais buscou apenas isso em mais ninguém ou seja, eu criei um
tempo novo; eu venci aquele futuro onde costumavam morrer suas relações. Há
poucos dias, me telefonou e disse: "você é diferente; continuo apaixonado por sua
sensibilidade; será sempre a mulher da minha vida, aquela que ainda me faz
vibrar e traz ao meu coração a saudade de amanhecer abraçado a alguém</span><span style="font-size: small;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="line-height: 150%;">”</span></b><span style="line-height: 150%;">.</span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 36.0pt; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; tab-stops: 36.0pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-38745447097387354222014-07-16T11:10:00.001-07:002017-09-05T09:39:49.218-07:00Não há...(Guacira Maciel)Expostos<br />
fardos pesados<br />
cuja beleza intrínseca<br />
esconde-se nos abismos da alma<br />
como setas apontadas<br />
em frias madrugadas<br />
ao peito ardente<br />
silencioso<br />
ausente<br />
e sonha<br />
mera ilusão<br />
com a memória dos cristais<br />
das noites irrequietas<br />
como cavalos selvagens<br />
com tanto por dizer<br />
mas não há botões nem corolas<br />
não há crisálidas<br />
e não há promessa por cumprir...Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-84333509879444192752014-07-04T12:37:00.001-07:002017-09-18T06:24:18.973-07:00Pretérito...(Guacira Maciel)<div class="MsoNormal">
<span style="text-align: justify;">Nascia e anulava-me
sucessivamente; buscava-me consistente, mas era massa disforme e morna
penetrada pela lança aguda da ausência antecipada, quando o silêncio deixava
ouvir apenas o coração em descompasso de espera...e só os meus ouvidos, as
paredes e o porta retrato escutavam.</span><span style="text-align: justify;"> </span><span style="text-align: justify;">Só
lembranças...seguravas meu rosto entre as mãos ágeis e, inconsciente, afundavas
os dedos em meus cabelos leves e suados, que embaraçavam-se ao o ritmo apressado
da tua respiração; aqueles dedos inocentemente escorregavam buscando tocar qualquer
pedaço da minha pele em brasa. A tua mão tão conhecida e quente
deslizava inquieta mas suavemente por toda a superfície do meu corpo, como se
tentasse desvendar-lhe cada pedaço, recompondo-o. E eu? eu, sensível como uma
ferida, aguardava o toque da da primeira vez, e era sempre novo e
infinito... morria então, e me perdia...mas me guiava o sol que se dourava ao
contato dos pelos louros do teus braços e da tua fina sobrancelha que guardava
o tesouro daquele azul abissal, que se inundava inesperadamente.</span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quero lembrar a todo instante e
sentir de novo a dor dessa presença, a dor da consciência de ti e da tua
ausência; de qualquer forma serão sempre uma dor...preciso abrir as comportas e
todas as portas e janelas, e soprar para longe o cheiro inesquecível que elas ressuscitam em mim... </div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-19617342491659412512014-06-04T01:52:00.000-07:002014-07-20T16:25:40.439-07:00Encharcada de azuis (Guacira Maciel)<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
Hoje
estou encharcada</div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
como o
mar<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
de azuis<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
e
embriago-me<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
no sal<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
das
próprias lágrimas<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
lambendo
com a ponta da língua<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
os
próprios lábios <o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
sorvo
lentamente<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
a lágrima
salgada<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
o mar<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
salgado
como as lágrimas<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
que a minha
língua lambe<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
invade em
espuma as areias<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
como aos
lábios a lágrima<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
salgada<o:p></o:p></div>
<div style="margin-bottom: .0001pt; margin: 0cm;">
em azuis<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-58337881063100084842014-05-17T14:17:00.002-07:002014-05-18T07:24:51.928-07:00Bailes e saraus do século IX ao som de pagode e axé? (Guacira Maciel)<div class="MsoNormal">
<o:p> </o:p><span style="text-align: justify;">Hoje, assistindo ao Globo
Literatura, na Globo News, fiquei perplexa, se não, indignada com o que estava
sendo apresentado...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Monica Waldvogel entrevistava a
escritora, de livros infantis, Patrícia Secco acerca de um projeto financiado
pelo Ministério da Cultura, em que ela e editores de “muita experiência” fariam
o seguinte: a adaptação dos clássicos da nossa Literatura, mais especificamente,
ninguém menos que Machado de Assis, começando com o conto, O alienista, e
outras obras, como: A pata da gazela, José de Alencar; Memórias de um sargento
de milícias, Manuel Antonio de Almeida, e O cortiço de Aluísio de Azevedo, para
“facilitar o acesso ao textos”, entre outros absurdos dessa ordem. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A justificativa para tal
sacrilégio inclui vários motivos, estando entre eles: a “formação de
leitores”, pois o brasileiro não lê; “a democratização da obra de Machado”,
pois “o vocabulário do século IX exige esforço do leitor”; “levar Machado a
quem não conhece”, entre outras heresias...No programa a autora chega a dizer
que isso evitaria que o leitor ficasse “derrapando no boticário, achando que é
uma marca de cosmético”...o que achei desrespeitoso para com os que não fazem
parte das elites eruditas, como alguns escritores se entendem...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na mesma entrevista, Monica Waldvogel
colhe opiniões, estando entre elas a do escritor Ronaldo Bressane ( que não
conheço, sendo sincera), que disse: “é melhor ler meio Machado do que
nenhum”... Mas tem também a opinião, ao vivo, do conhecido estudioso, poeta e Professor do Curso de Letras da USP,
Alcides Villaça, que, tendo lido toda a “versão facilitada”, declara sua
indignação sobre a questão, dizendo que aquela modificação dá num “monstrengo
cultural”, pois o “discurso narrativo tão próprio de Machado foi alterado,
assim como seu ritmo, sintaxe, pontuação, tudo da maior importância na
narrativa, até a afetividade” impressa no texto, em que suprimem, cortam e
juntam períodos tirando o sentido do que foi dito pelo autor; pode-se ler “coisas
que Machado jamais faria”, terminando por dizer que na adaptação “há trextos
incompreensíveis”, é “grosseira, é crime, para se jogar no lixo”. Querem facilitar o acesso? Aceitem a sugestão
do Professor Alcides Villaça,
democratizem fazendo cópias disponibilizadas pela própria Academia Brasileira
de Letras, entre outros sites sérios.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Essa equipe chega ao cúmulo de
retirar a pontuação do autor, como o ponto e vírgula, uma das suas marcas,
substituindo por ponto final (que não têm a mesma função), juntando
parágrafos ou suprimindo outros, o que
descaracteriza a escrita de Machado.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bem, como Professora, Educadora e
Bibliotecária, que trabalha com formação de leitores em colégio público, sou
veementemente contra esse projeto sem sentido, estapafúrdio, de quem parece não
ter ideias melhores para ajudar a população a ler. As novas gerações têm o
direito de conhecer a linguagem erudita, têm o direito de conhecer a Literatura
Clássica do seu país, que representa a vida do seu povo e, inclusive, a
História da Literatura, da Arte Literária desse povo, que através desse projeto
está sendo suprimida da suas vidas; estão retirando o seu direito de conhecer,
na íntegra, a obra de grandes autores da Literatura Brasileira. Uma fala que me
deixou muito indignada foi a autora, Patricia Secco, falar que apenas fez uma
“transposição da linguagem do século IX para a linguagem atual”...então, a
juventude não tem direito a conhecer o contexto em que a obra desse
gênio foi escrita? Então, é isso, nós, Educadores, falamos e nos esganamos para
situar o conhecimento no contexto de vida das pessoas, usando um importante
Princípio Pedagógico que facilita a compreensão do estudante, que é a
Contextualização, e um grupinho de pessoas, autores e editores, se revestem de
uma autoridade outorgada pelo Ministério da Cultura, que financiou esse
“Projeto” de desconstrução, no valor de 1,5 milhão, para destruir tudo?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Percebo que os jovens oriundos de populações
desfavorecidas por um bom Projeto de Educação Pública e Privada, também, têm avidez por saber, pelo conhecimento,
avidez de ler, eles adoram ir à Biblioteca me pedir para indicar livros para
lerem, e depois retornam para os comentários, para discutir sobre o que
entenderam da obra, fazem comparações entre os personagens e o contexto de suas
próprias experiências de vida, da forma mais bonita e inesperada...Entretanto, não
chegam verbas específicas e direcionadas para a aquisição de livros, para atualizar
e prover os acervos das Bibliotecas das escolas...É assim que se deveria usar
as verbas gastas com projetinhos de simplificação da obra dos nossos autores clássicos,
por entenderem alguns que as pessoas das classes populares iriam confundir
“boticário com cosméticos”. Eu, pessoalmente, venho pedindo às Editoras que
doem livros de Literatura para que esses jovens tenham mais ofertas, mais
possibilidades...a isso eu chamo “democratização dos textos literários”. O
senhor Ronaldo Bressane disse que as “pessoas talvez não entendam o vocabulário
de Machado”...e eu acho essa declaração uma grande bobagem! Ele nada sabe
dessas pessoas, assim como editores, que querem vender livros para o Governo, e
todos os que estão preocupados em ter projetos de má qualidade financiados com
o dinheiro público! Eles não têm autoridade para suprimir da vida de gerações inteiras o conhecimento, na íntegra, da obra de um autor tão importante da nossa História Literária.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Querem “facilitar o acesso ao
texto”? Aceitem a sugestão do Professor
Alcides Villaça, democratizem fazendo cópias disponibilizadas pela
própria Academia Brasileira de Letras, entre outros sites sérios.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tem um abaixo assinado contra
esse “projeto” circulando por ai, se o encontrarem, peço que assinem. Obrigada.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Obs. A entrevista completa está
no link do Globo Literatura.</div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-32030381235979531992014-02-23T02:52:00.001-08:002014-05-26T04:12:15.473-07:00Imperfeição (Guacira Maciel)<div class="MsoNormal">
<o:p> </o:p>Despejas em tempestade</div>
<div class="MsoNormal">
o amor que te sufoca o peito</div>
<div class="MsoNormal">
como as ondas que desistem de lutar</div>
<div class="MsoNormal">
quando penetram as areias</div>
<div class="MsoNormal">
então te vestes de festa</div>
<div class="MsoNormal">
e teu corpo se colore para a entrega</div>
<div class="MsoNormal">
quero que as tuas mãos de asas</div>
<div class="MsoNormal">
acordem a aurora do meu corpo</div>
<div class="MsoNormal">
que arde em horizontes de brasa</div>
<div class="MsoNormal">
não quero medos</div>
<div class="MsoNormal">
não quero finitudes</div>
<div class="MsoNormal">
deixemos que a placidez do eterno</div>
<div class="MsoNormal">
se aqueça ao calor do nosso sangue</div>
<div class="MsoNormal">
quero os teus dedos explorando</div>
<div class="MsoNormal">
com voraz delicadeza a relva úmida </div>
<div class="MsoNormal">
da minha plenitude que é só tua</div>
<div class="MsoNormal">
quando alado e tímido me habitas</div>
<div class="MsoNormal">
teu olhar de abissal azul</div>
<div class="MsoNormal">
cobre minha nudez em chama</div>
<div class="MsoNormal">
sou a tua fêmea a tua carta náutica</div>
<div class="MsoNormal">
terno timoneiro</div>
<div class="MsoNormal">
es a música da minha alma antiga</div>
<div class="MsoNormal">
sou o doce favo que sugas</div>
<div class="MsoNormal">
e te adormece em paz</div>
<div class="MsoNormal">
sou a brisa suave</div>
<div class="MsoNormal">
que retesa os nervos das tuas asas de cristal</div>
<div class="MsoNormal">
a pele que te agasalha o sono pueril</div>
<div class="MsoNormal">
e o fruto agridoce que mata a tua fome</div>
<div class="MsoNormal">
sou planície enluarada</div>
<div class="MsoNormal">
quero de novo o ouro dos teus braços como travesseiro</div>
<div class="MsoNormal">
somos estrada conhecida</div>
<div class="MsoNormal">
reencontro segredado no soluço</div>
<div class="MsoNormal">
daquela despedida</div>
<div class="MsoNormal">
descansa pois na madrugada em fevereiro</div>
<div class="MsoNormal">
sonha e visita o eterno</div>
<div class="MsoNormal">
que te velo o sono os sonhos o sagrado</div>
em minha imperfeição...Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-66510633039047418312014-01-22T05:07:00.002-08:002018-06-29T06:38:00.533-07:00Cruz do meu Rosário......fragmento do meu romance (Guacira Maciel)<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
<span style="font-family: "comic sans ms"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> <b>M</b>oça
de fino trato<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
<span style="font-family: "comic sans ms"; font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">M</span>arta tivera uma educação
primorosa, realizada, inicialmente, por uma preceptora que lhe falava em
português e francês. Agora vivia com os tios num luxuoso palacete de três
andares, para onde fora aos 17 anos, após a morte da mãe e o desgosto e completo
afastamento do seu pai, Dr. Francisco, Bacharel em Direito e Juiz de uma
comarca longínqua, onde as condições de vida eram muito adversas. A esposa,
Dona Maria Francisca, uma mulher de ascendência aristocrática, para acompanhar
o marido passara por muitos sofrimentos, além de viver sem os confortos aos
quais fora acostumada, ora no ancestral solar do Engenho de cana de açúcar da
família, no Recôncavo Baiano, ora na cidade, num histórico sobrado, com
empregados que atendiam todas as necessidades da família. Apesar do pouco
conforto no lugar onde foram viver depois de casados, o Juiz e a esposa
tiveram uma respeitável prole de dez filhos. Numa das viagens para
Santa Maria da Vitória, cidade onde viveriam um bom tempo, Dona Maria Francisca, grávida de oito meses, teve que viajar até em "lombo de cavalo", em selas laterais próprias para mulheres; gestava seu penúltimo filho, sendo que todos os outros, alguns ainda bem pequenos,
ficaram doentes em consequência das condições impróprias daquela viagem, que durou quase um mês; episódio que acrescentou mais problemas à já delicada saúde da jovem senhora.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
O Dr. Francisco era poeta e grande apreciador da música e da boemia,
tendo gasto grande parte da sua fortuna pessoal em promover festas durante as
quais hospedava, e nutria, em sua própria casa, toda a orquestra, que mandava
vir de fora para tocar em festejos da cidade, para desespero da esposa e
felicidade da prole. Era um homem manso e tinha um especial olhar sobre a vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
Em momentos de intensa saudade, Marta, filha mais velha, costumava lembrar suas atitudes
como homem e como autoridade - "ele olhava a vida com a alma; nas questões mais
objetivas, quando tinha que tomar uma decisão como representante da Lei,
costumava assumir posturas fundamentalmente humanísticas para atender aos dois
lados, sem se afastar da ética e sem se corromper; quase um Salomão moderno..."-.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
Como a filha mais velha, ela participou ativamente da atuação do
pai e deliciou-se com as mais ricas experiências da vida com ele,
principalmente quando se tratava de relações humanas, pois ele costumava levar
para casa os mais variados personagens populares, sem
discriminação, porque valorizava todo e qualquer aprendizado, sobremaneira
aquele adquirido com pessoas simples, do povo, que na sua concepção eram de uma
sabedoria extraordinária, e com quem “se tinha muito o que aprender”...Marta
também recebeu do pai toda a atenção quanto à sua sua formação cultural; ele
mandava buscar na Capital, caixas de livros que eram lidos e discutidos para
aprofundar os conhecimentos dela.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
Porém, Dona Maria Francisca, que tinha outra forma de enxergar essas
questões, até porque envolvia a sua formação, a sua vida familiar e a educação
de seus filhos, não concordava com o marido, mas sendo uma mulher que fora educada para seguir as orientações do
marido, aceitava suas “esquisitices”, como se referia benevolente, embora sem ser submissa. Ela havia
vivido sempre num meio social de elite, convivendo com advogados, médicos,
políticos proeminentes, participando, como ouvinte, das reuniões de cunho
intelectual que a família organizava, e tido uma educação muito cheia de regras
e restrições. Diante disso, segundo Marta, as divergências familiares ocorriam
mais ou menos nessa perspectiva:</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Dr. Francisco, meu marido, pelo amor de Deus, não precisa trazer para
dentro de casa todos os tipos esquisitos, necessitados de ajuda, que encontra por
ai ou no seu trabalho... nós temos filhas moças, além de não ficar bem para um
Juiz se envolver de forma particular com essas pessoas..</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Deixa isso para lá, Dona Francisca... essas experiências também são salutares para os nossos filhos; eles precisam ter contato com outras nascentes de
cultura, tão ricas quanto a cultura formal à qual estamos, todos nós, acostumados.
Perceba que aprender vivendo é muito mais interessante do que só ter acesso a
essa cultura elitizada e restrita da escola e dos livros. Esses artistas
populares, então, são excelentes professores, os mais verdadeiros, pois sua
experiência parte da vida real... até você precisa abrir-se para uma nova forma
de enxergar isso.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
O “Dr. Juiz” não os via como pobres diabos necessitados de ajuda e sim,
como fontes inesgotáveis de vivências e saberes com os quais, fora da toga, enriquecia
seus conhecimentos; costumava dizer que essas relações de amizade, de
camaradagem, lhe proporcionavam “beber diretamente em fonte rica e cristalina”. Entendendo que também o ajudavam muito no trabalho que tinha a realizar na comunidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
Certa vez, num dia de feira na cidade onde viviam, em que chegavam muitas
demandas para Dr. Francisco, única autoridade presente no momento, e tendo que
resolver tudo o que aparecesse, ele chegou em casa com a habitual forma
bonachona.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Dona Francisca, mande acrescentar mais um prato na mesa... - já estavam lá os
dez pratos, de oito filhos e os deles dois -, porque o meu amigo, “seu”
Nequinho, vai participar da nossa refeição. </div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Faça o favor, “seu” Nequinho, entre
e fique à vontade.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
O homem, enfiado na domingueira, entrou com o chapéu na mão, afinal era
dia de feira; mas com as calças arregaçadas por causa da lama, os sapatos, de
sola muito gastas e tortas, engraxados com esmero, e a indefectível sanfona
preta e madrepérola segura pelas alças. Envergonhado, ficou rígido à entrada
daquela mulher bonita e elegante, que ele nunca havia visto tão de perto. Dona
Francisca, muito séria, porte senhorial, embora simplesmente vestida com uma
saia preta enviesada e uma blusa de renda branca, arrematada na gola por um
camafeu antigo, era, deveras, uma figura imponente e oposta à do seu ilustre
marido bonachão.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Bom dia, senhor.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Bom dia Dona, discurpe se...</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
_ Ora, meu amigo, interveio o Juiz, fique tranqüilo. Tire a sanfona e
venha lavar as mãos.</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 27.0pt;">
Foi com o homem, para deixá-lo à vontade, e voltaram à sala, onde já se
encontravam os filhos, inclusive os pequeninos, sentados à mesa com a mãe, calados, esperando o pai e a grande novidade daquele dia. Fato é que, para
ajudar a resolver a contenda do “seu” Nequinho, tiveram que hospedá-lo por uma
semana, até que o “Dr. Juiz” conseguisse resolver tudo o que se fazia
necessário... mas para as crianças o melhor momento da peculiar visita, aconteceu durante as noites, após o jantar, enquanto durou a permanência do interessante senhor, quando
tinha sessão de música e declamação de quadrinhas populares engraçadíssimas, e até poemas recitados pelo "Dr. Juiz", com a vizinhança olhando com
ávidos e curiosos olhos através de todas as janelas de que a casa dispunha.
Para as crianças, nem se comenta, foi uma farra de novidades; “seu” Nequinho
contava casos e histórias extraordinárias que, entretanto, preocupavam Dona
Francisca, que sempre se mantinha meio alheia àquela “algazarra”, como se
referia...</div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-65342713959870443162014-01-16T09:16:00.004-08:002021-06-22T05:12:59.159-07:00Porque escrevo... um excerto (Guacira Maciel)<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Bem, não creio existir uma unica
razão para se fazer qualquer coisa...não sei porque escrevo e nunca me detive
muito nessa pergunta, mas tenho certeza que uma das respostas seria porque preciso me
expressar, a escrita é como a colheita, o resultado da semeadura amadurecida...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Lembro, por muitas razões, que
fui uma menina calada e de natureza contemplativa; elaborava no pensamento as mais
improváveis histórias, partindo das minhas observações e pequenas experiências,
e o universo mais rico no início era a minha própria família; ela me inspirou
por muitos e muitos anos... lembro que um dos meus irmãos mais velhos tinha um
amigo, Manolo, que dizia: “sua família é sui generis”. Eu nem sabia o que queriam dizer aquelas palavras, mas achava a frase imponente, "devia ser uma coisa bonita". Hoje, sei que éramos mesmo dessa forma, mas só
tive consciência do seu significado mais profundo muito mais tarde, quando meus pais já
haviam falecido, e fiquei um pouco perdida, porque aquele mundo se desmoronou...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quanto à minha natureza, acho que
nunca foi bem compreendida, pois era avaliada como uma “menina de natureza
birrenta, calada, esquisita”, porque, ou não correspondia ao que esperavam de mim ou tinha sempre muitas perguntas, perguntas caladas, principalmente - pois queria entender o que acontecia ao meu redor - ou então tinha resposta para tudo, já que minha imaginação era uma roda viva. Mas eu achava aquela avaliação uma injustiça que não conseguia combater. Não tinha argumentos suficientes
para explicar algo que nem mesmo eu compreendia àquela altura. O que lembro
muito vivamente é que observava tudo, percebia pequenas coisas e detalhes aos
quais ninguém dava importância, e aquele universo ainda permanece em minha cabeça
querendo sair, porque compõe o extenso e profundo rio das minhas experiências e lembranças mais remotas e fortes.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Entretanto, em compensação,
lembro que uma unica pessoa chegou mais perto de mim, de como eu realmente me sentia... D. Maria
José, uma amiga de minha mãe, cujo comentário, menos duro, trouxe certo alívio: “essa menina tem um olhar de anjo”. Mas
não era nada disso! “nem tanto ao mar, nem tanto à terra”; eu só tinha o hábito
de observar as coisas e logo elucubrar ideias e histórias fantasiosas, já que não tagarelava muito... lembro
de ter dançado em bailes nos salões vazios do velho sobrado do Engenho de cana de açúcar dos meus bisavós, usando belíssimos vestidos rodados e coberta de
joias... de frequentar palácios... de viajar em asas de borboletas floresta
adentro... de conversar com lagartas e cavalos. Quando ia passar férias lá na
fazenda, eu percebia que os bezerros
choravam porque suas mães precisavam seguir para a ordenha, separando-se deles;
eu ouvia o vento cantar quando soprava nas palhas do canavial, ouvia o gemido ou os resmungos dos pobres animais que puxavam o pesado carro de boi que levava a cana para moer... o meu mundo interior era muito rico e me bastava, e me fazia feliz...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como toda menina de mente fértil, eu também conheci um príncipe, que nem percebia a minha existência; era o meu
amor impossível; àquela altura, aos 14 anos, pois nessa época a infância era
vivida por mais tempo, eu não sofria, e achava isso até muito romântico e
normal como acontecia nos contos de fada, e eu tinha prazer em parecer com os personagens das histórias que gostava de ler. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Só pelos dezesseis anos, comecei a ter necessidade de externar o que
sentia; pensar ou sonhar não era mais suficiente. Primeiro, comecei a desenhar, e
minha mãe, que fora criada num ambiente cultural muito rico, tratou logo de me matricular num curso livre de desenho. Enveredei
pela pintura, fiz muitos cursos, mas não me satisfiz e parei com tudo. Aquela ebulição voltou a incomodar dentro de mim, e comecei, então, a
escrever coisas que não mostrava a ninguém, mas parei outra vez.... Segui minha vida quase normalmente:
fiz duas faculdades, casei, não com o meu príncipe dos 14 anos, tive dois
filhos, e exerci minha profissão de bibliotecária, num centro de pesquisa. A vida seguiu seu curso, e anos depois, precisei começar tudo do zero, mas já sem a
presença dos meus pais...</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">Resolvi mudar de profissão, fiz o curso de Letras, e fiz um concurso para professora do estado. Não creo em acasos, mas recomecei timidamente a escrever, sem mostrar a ninguém, porque “não queria me expor; eram coisas
minhas, quase segredos”...Mas um dia, inesperadamente, resolvi mostrar uns
textos a uma colega de trabalho, que os achou “muito difíceis de ler...você diz coisas que
ninguém conhece; elabora muito o pensamento...” Parei! uns dois ou três anos
depois, sem pressa, resolvi me aventurar outra vez e alcei voo, insegura, para
ver se alguém me entenderia dessa vez...</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu não conseguia desistir embora
tivesse tentado fazê-lo várias vezes. É mais forte que eu; ler e escrever é quase
uma compulsão, inclusive, porque cresci numa família muito voltada para a
cultura e a arte. Meu pai escrevia, tocava piano muito bem, e dançava melhor
ainda; em datas como aniversários, Dia das Mães ou aniversário de seu
casamento, não comprava cartões; ele mesmo escrevia belos poemas para minha
mãe...ela, por seu lado, era uma leitora contumaz e também gostava de escrever,
assim como seus irmãos, que eram poetas de extrema sensibilidade...logo, foi
difícil fugir à minha sina (risos)...</div>
<span style="text-align: justify;">Diante dessa constatação, juntei meus cacos e
resolvi mostrar o resultado de tudo, através da literatura, numa (des)ordem que
me faz muito bem...pois duas coisas me impulsionam e me instigam ao escrever;
aprisionar momentos e experiências extremamente fugazes da minha vida pessoal, do meu imaginário e da vida ao
meu redor, e outra, partilhar essas coisas, essas experiências, que, nessa
troca, tanto me enriquecem e estimulam a observar aspectos novos ou antes
despercebidos. </span><br />
<span style="text-align: justify;">Neste momento, é como percebo a questão...</span>Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-48800751353251523352013-11-23T10:40:00.001-08:002014-02-16T04:50:44.665-08:00Mar de abrolhos...(Guacira Maciel)Hoje apenas sangro<br />
de orvalho em orvalho<br />
todas as seivas que foram tuas<br />
o sopro de um amor pueril<br />
evade-se da alma impotente<br />
pássaro cativo do ato mais escravo<br />
o teu canto foi calado<br />
deixaste a pradaria em plena cavalgada<br />
o medo indolente incombatido<br />
mata o mistério do gozo de viver<br />
se ainda me deixasses tocar tuas feridas sem receios...<br />
mas nem um olhar <br />
para velar o funeral da ultima andorinha<br />
Já houve festa e amor vestal<br />
recebeste a visita das auroras em minha cama<br />
roseando as tuas faces<br />
agora alquebradas em solidão azul<br />
também silenciaram-se teus passos de chegada<br />
e o som resfolegante e cristalino dos teus beijos<br />
um mar de abrolhos murmureja<br />
em nossas doces madrugadas<br />
o vigor da mão do timoneiro<br />
afrouxa e perde-se o colar de pérolas cultivadas<br />
dormes o sono lasso da escravidão<br />
por saber-te só<br />
a dor de te amar sem esperança <br />
invade o meu peito e sangra-o<br />
gota a gota...<br />
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-27406953798599428192013-11-05T11:17:00.000-08:002013-11-05T11:34:49.271-08:00Descobri o encanto de escrever para crianças...(Guacira Maciel)<!--[if gte mso 9]><xml>
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<![endif]-->O Brasil vem se preocupando em criar políticas de
educação que visem o desenvolvimento do sentimento de pertencer a um grupo,
abrindo espaço para que a <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>criança/jovem
possa se identificar através de valores culturais e históricos similares entre
si, num processo dialógico com a comunidade, e que possam criar,
principalmente, perspectivas para desenvolver seu potencial emocional, fortalecer
a auto estima positiva e a consequente amplitude do seu universo pessoal<span style="mso-spacerun: yes;">.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="mso-spacerun: yes;"></span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Entretanto, apesar de ter em seu contingente
populacional 51% de brasileiros afrodescendentes, só há dez aos foi criada a Lei
10.639/2003 , que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
9394/96, e, posteriormente, a Lei 11.645/2008, que incluem no currículo da
Educação Básica os conhecimentos da Cultura Africana e da Cultura Indígena.</div>
<div style="text-align: justify;">
A partir da sanção da Lei 10.639/2003, os conhecimentos da cultura
africana e de afrodescendentes deveriam estar incluídos nos currículos,
especificamente através das disciplinas História, Arte e Literatura, o mesmo
acontecendo, a posteriori, com relação à inclusão dos conhecimentos da Cultura
Indígena. No entanto, por falta de leis complementares, de experiência na formação
específica de professores, já que nos currículos das Universidades esses
conhecimentos eram postos como disciplinas optativas, essas inclusões no
currículo da Educação Básica eram feitas sob a forma de conhecimentos
transversais ou em projetos pontuais da Parte Diversificada do mesmo.</div>
<div style="text-align: justify;">
O conhecimento/reconhecimento das nossas matrizes culturais é um processo
de valorização das origens dos sujeitos e de suas identidades pessoais,
emocionais e sociais. A sacralização dos mitos e reafirmação dos preconceitos
amplos, tanto na família, como na escola<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>- porque a própria sociedade cuida de sublimar e esquecer que são
assuntos que devem ser discutidos e avaliados como experiências reais, vividas
no cotidiano, e oportunidades de aprendizado e crescimento<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- gera rejeições, porque os preconceitos, que
sobrevivem incomodando, de forma subjacente, precisam ser reconhecidos e
tratados com os devidos cuidados. A qualidade de vida passa,
inquestionavelmente, pela aceitação intima e a acomodação interior, pois
conhecer a própria história, reconhecer as próprias origens, reconstruir/
reafirmar a própria identidade, e conhecer os limites pessoais, como seres
humanos, são condições fundamentais para a formação de pessoas mais pacíficas,
mais felizes e mais generosas.</div>
<div style="text-align: justify;">
Só recentemente, inclusive por reação dos movimentos sociais, as questões
acima referidas estão sendo devida e sistematicamente discutidas e vindo à tona,
embora muito ainda seja
necessário fazer. O conhecimento/reconhecimento das nossas matrizes culturais é
parte de um processo de valorização das origens dos sujeitos e precisam ser
devidamente cuidadas nas escolas públicas, principalmente porque esses espaços,
geralmente, são as únicas oportunidades para discussões em alguns contextos de
vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
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<div style="text-align: justify;">
A Literatura
infanto juvenil tem ação importante como coadjuvante no processo de reconhecimento,
aceitação e fortalecimento das identidades, que deve ser iniciado nessa
importante fase da vida, porque o faz de forma lúdica, já que a fragilidade
infantil é fortemente agredida pelos preconceitos, e a Literatura trabalha
suave e sutilmente essas dores, encaminhando para a construção da auto estima
positiva e, quem sabe, a cura. Os preconceitos precisam sair do limbo onde são
gestados e sobrevivem, incomodando, de forma silenciosa e subjacente, para que
sejam <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>reconhecidos e tratados com os
devidos cuidados. Como Arte, ela faz esse papel de conciliação entre os dois
universos, porque evidencia as questões mais intimas guardadas como forma de
proteção. Nessa perspectiva, ela também enriquece, amplia e aprofunda<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>o processo cognitivo infantil, porque
estimula a criatividade, que é um processo tão subjetivo quanto a própria
cognição.<br />
O meu atual trabalho, de dedicação quase exclusiva, trata dessas questões e está possibilitando a mim mesma uma grande descoberta; estou cutucando a minha própria "caixa de brinquedos"...quando a gente é criança isso é tão natural, que nem dá para perceber esse encanto, mas na fase adulta ele é quase sobrenatural...rsrs...porque a gente tem reencontros com nossos fantasmas lúdicos...</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-33422687.post-62461330786855594702013-10-17T15:49:00.000-07:002013-10-17T15:49:05.510-07:00Cavalo alado (Guacira Maciel)
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span><span style="font-family: Times New Roman;"> </span></span><span style="font-family: Times New Roman;">Contemplei silenciosa</span>
</div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">a espuma debruando as ondas</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>que chegavam à praia</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">como crinas de cavalo</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">açoitando as areias</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">o vulto que poderia ser o teu</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">arrastava lentamente o meu olhar</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">para a tua ausência</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">o cenário era pacífico</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">apenas a força do vento eriçava</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">a vegetação costeira </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>em pequenas ondulações</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;"><span> </span>e por alguns segundos</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">nos encontrei arfantes</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">mas repousei pois não fizeste</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">um movimento sequer</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">meu corpo encostado ao teu</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">adormeceu num sono de desilusão</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">regressaste então</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">resfolegando alado sob o sol</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">e cavalgaste vigoroso</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">exalando gozo</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">por saber-se amado</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">meu corpo perfumou-se </span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">ao teu toque</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">e fechou-se o ciclo do dia</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">imaginado no silêncio do horizonte</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<span style="font-family: Times New Roman;">para outro anoitecer...</span></div>
<div class="ecxMsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 0pt;">
<br /></div>
Guacira Macielhttp://www.blogger.com/profile/18137447005769271912noreply@blogger.com0