sexta-feira, maio 26, 2023

Bem...

 Bom dia. Hoje são 26 de maio de 2023, ou seja, falei que estava voltando e a viagem de volta foi demorada...desculpem...foi falta de ânimo, de estímulo para escrever e postar.

Eu amo escrever, mas os últimos acontecimentos vividos por todos nós, promoveram mudanças muito marcantes, deixando marcas muito profundas, talvez não em todos, mas em mim, sim. Inclusive, o fato de ter investido anos de vida e energia para escrever meu romance, Cruz do meu rosário; um amor na Chapada, e não ter podido lançar, em consequência da "Pandemia. Esse fato, foi avassalador para mim.

Sendo assim, ainda não me recuperei, ainda não consegui fazer Literatura, a minha capacidade de criar, de subjetivar, de falar do meu íntimo, percepções, e coisas assim, parece ter sido muito mais abalada do que eu supunha. Até meu romance, ficou guardado, parecendo ter perdido o sentido...

Entretanto, me dediquei a estudar e participar mais ativamente dos trabalhos voluntários no Centro Espírita Kardecista que frequento, e até, criei um Podcast, o "Sai da casca. Emerge...

veiculado pelo /anchor e pelo google podcast disponível no Spotify for Podcast e pelo Google Podcast  Quem tem gmail, pode acessar com facilidade o google Podcast

Lá, nesse espaço, proponho reflexões e análises sobre questão da Doutrina Epírita.

pediria a todos que o escutassem, pois minha intenção é aprendizado e divulgação de questões fundamentais da nossa vida espiritual. agradeço e peço que compartilhem.

fiquem com Deus, obrigada.

O acesso ao Podcast esta ao lado.


terça-feira, maio 25, 2021

Voltando.....

 Bom dia.

Passou 2020, passando 2021; grata pela vida, sem queixas, e por todo o aprendizado, e oportunidades, até agora, entendendo que muito ainda há que ser aprendido; muitas lições... e, revendo um capítulo do meu romance, que não pude lançar, como estava previsto,  " O que subjaz", após mais de um ano, volto a me perguntar: o que subjaz,  quais seriam essas lições para cada um de nós em particular, e para toda a humanidade... 

Da mesma forma, ou mais profundamente, que não tenho controle de tudo quando escrevo um texto, muito menos terei sobre o curso que a vida vem seguindo, dos acontecimentos e desdobramentos que advirão  dessa avalanche de lições que nos vem atingindo, em seus diversos caminhos. Só sei que terei que estar muito atenta... Essas reflexões me lembraram versos de um poema de José Régio, poeta português, "Cântico Negro: "... quando me dizem vem por aqui, eu olho-os com lassos, (há, nos meus olhos, ironias e cansaços) e cruzo os braços, e nunca vou por ali... Será assim?  o que acham?

Entretanto,  é preciso continuar tendo projetos, embora de curto prazo, porque as lições precisam ser entendidas e aprendidas; é preciso nos modificar e modificar nossa forma de enxergar à nossa volta, e viver... a vida continua seu curso. Por isso, vou voltar a escrever e postar aqui, mesmo entendendo que muitos de nós tenhamos, quase, perdido o interesse por muitas coisas que nos motivavam antes. Foram muitas perdas, eu sei, mas o Criador só permite que aconteça o que nos fará bem no futuro; um dia, quando as dores forem mais amenas, Seus propósitos serão entendidos; tenhamos fé, e não percamos a esperança, e, acima de tudo, a CONFIANÇA.

Obrigada.

Se tiverem vontade, comentem, esse espaço não e só de leitura, mas, também, de discussão.

quarta-feira, abril 22, 2020

Sobre o lançamento do meu romance....

Infelizmente, em vista da pandemia que nos obrigou ao isolamento social, não houve o tão esperado evento. Espero que logo, logo, tudo volte ao normal.

quinta-feira, fevereiro 13, 2020




Meu romance, publicado pela Editora Kiron. Baseado em uma história de amor real, ambientada na Chapada Diamantina, na década de 30. Trata-se da vida de uma filha de burgueses do Recôncavo baiano, que foge para casar com o filho de um coronel do garimpo.Esse amor proibido os levou à fuga para aquela região inóspita, onde a protagonista sofreu muito por causa das diferenças culturais, a barbárie da lavra do diamante, além dos sofrimentos aos quais seu sogro a fazia passar...

Pode ser adquirido em: www.editorakiron e na www.amazon.com.br ou na minha mão (fazer contato).

quarta-feira, abril 17, 2019

Fantasmas...(Guacira Maciel).

  (Fragmento. Em homenagem a meu pai e à terra que ele amava)

       Estou escrevendo sobre uma saga de família, da Chapada Diamantina; o fragmento a seguir retrata bem a realidade vivida naquele período...
Hoje, aquela parece uma terra sem filhos; terra cujos seios foram sugados até sangrar; cujo ventre teve suas vísceras expostas, reviradas e devoradas por batalhões de formigas gigantes, predadoras, silenciosas, vorazes, que lhe sugaram os mais íntimos sucos, deixando-a calcinada, exangue, murcha, exaurida e caída sobre as próprias dobras de pele ressequida, onde se formaram enormes buracos que expunham como fantasmas esfarrapados, as entranhas de uma terra sem orgulho, sem pudor.
Os dedos sangrentos pelas marretadas cujas articulações mais pareciam antigas dobradiças, já invisíveis por causa do inchaço, faziam lembrar garras; dentes podres em bocas de hálito fétido, somado ao oco de estômagos completamente vazios a dias, famintos, donde só se ouviam os ecos dos gases que os empanzinavam e iludiam. Olhos cuja menina se transformara em raios febris, ardentes, que se perdiam nas noites orbitais, fundas; olhos sem brilho, vítreos, vermelhos por causa da graça do sono que não lhes fora concedida, assentados sobre caras mascaradas pelo pó que esculpia novos seres, e tão permanente nas escavações, que não poupava nem o terceiro olho que, por vezes, se lhes acrescentavam, fazendo lembrar os terríveis ciclopes. Eram restos de unhas ocres, purulentas, que rasgavam a nu a terra, ferindo e infectando sua mucosa antiga, brilhante e acetinada, buscando usufruir de um cio que não lhes era devido.
E os corações? deles, o grito ensaiado para a hora esperada, e temida, que sequer lhes chegava à garganta, por ausência da saliva lubrificante; apenas um choro seco vertido sobre corpos desidratados, quase mumificados, que  se arrastavam com seus dorsos alquebrados sobre a desistência da terra e seu silêncio dolorido. O mais inacreditável é que, ao fim do dia, do qual já nem lembravam a luz, o brilho, a cor, pareciam não ter sido afetados. Não se queixavam, não desanimavam de alcançar o objetivo primeiro; geralmente, só a morte os arrancava dali; não desistiam do seu sonho; mas de si, via-se que sim! porém, pareciam já anestesiados, não exibiam a dor que lhes oprimia o peito, fazendo abater a alma...


Na Chapada, o final do século XIX trouxe o novo regime político ( República ), e mudanças profundas, e o medo deu origem ao “coronelismo”. O governo, como alternativa de convivência com o sertanejo, começou a vender patentes - de até coronel - da Guarda Nacional, nomeando-os para ocuparem cargos na administração federal, o que fomentou uma guerra entre os coronéis de Minas Gerais e da Bahia. O lado vencedor, liderado pelo coronel Horácio de Matos, da Bahia, foi considerado o grande líder na região, porque os mineiros serranos representavam grande população nos garimpos da Chapada do lado de lá, apesar de saírem daqui da Bahia as toneladas de ouro e diamantes para a Europa e todo o mundo, ainda que as Minas Gerais fossem também uma região de subsolo muito rico e de lavra...

Antonio luso. Guacira Maciel


Hoje tive saudades
e vontade de lá chegar por acaso
e te encontrar
em frente ao cavalete
silencioso e absorto em teu parnaso
e te ler poemas…
um enigma que não tento desvendar
habitante encantado
do meu imaginário
te reconheço mas não sei quem és.
Suscitas em mim o indizível
e te prefiro assim assim te sinto
o mais puro ébano do Olimpo.
Ao ouvir meus passos
o humano te arrebata
então entre risonho e surpreso
fala mansa…
te levantas
e o tempo se sobrepõe ao eterno...
não quero tocar
o que não pode ser tocado
te quero assim
assim te quero
te quero longe
te quero luso
te quero deus...

quarta-feira, abril 10, 2019

Prólogo...Guacira Maciel


O ensino e a aprendizagem surgiram nas diversas sociedades como uma consequência natural da necessidade de sobrevivência das espécies, pela transmissão do conhecimento construído. Assim, o currículo surge como necessário à organização desse conhecimento a ser repassado e como reflexo da função social da escola, uma vez que nele estão fortemente presentes as relações de controle social, relações de poder e reprodução de valores que influirão na constituição dos sujeitos e suas identidades. Ele é o elemento dinâmico da proposta pedagógica, devendo ser entendido como espaço de conflitos que estruturam a vida da escola e como tal, um currículo precisa ser democrático, acolhendo as relações e abrindo-se à produção de significados próprios da comunidade onde ela está inserida, de forma a recriar uma proposta pedagógica dinâmica, cuja linguagem inclua o olhar divergente, para produzir resultados satisfatórios, já que deve estar ligado à como se estabelecem as relações de ensino e de aprendizagem dentro dessas realidades.
Dessa forma, a proposta curricular não pode ter um modelo imposto, uma vez que é um elemento vivo e, portanto, provisório quanto à sua temporalidade, passível de ser revista e mudada, de forma a que possa incorporar novos saberes, novas experiências e uma compreensão ampla e contextualizada de mundo e das culturas que ampliam e fortalecem as identidades. Importante estar alerta para não se perpetuar como um refém das leis, mas estar à sua frente oferecendo uma educação de vanguarda, que possa refletir as novas dinâmicas sociais, as tensões que demandam de uma sociedade mutante e a diversidade dos sujeitos; e só então buscar seu referendo.
Entretanto, para que isso possa ocorrer será necessário que reflita a forma de sentir e pensar dessa juventude que vive na contemporaneidade, cujos pressupostos encaminham para a compreensão de se aliar a cultura ao trabalho, tendo como princípio educativo um conhecimento que o conscientize quanto às formas reais deste, inclusive a possibilidade de introduzir aí, a diversidade, uma vez que, concordando com Miguel Arroyo, o mesmo tem gênero e tem raça (se sabemos que o padrão é racista); tudo isso a partir de um conceito lúcido do que seja juventude ou juventudes, como premissa.
Sabemos que a participação do sujeito jovem na dinâmica social não é vista nem avaliada de forma ampla quando são propostas as políticas de educação. É fundamental que outras dimensões do seu estar na vida, o seu universo simbólico e emocional, não apenas a sua vida funcional, sejam incluídos, de forma a que essas representações sejam mais legítimas e seu contexto cultural possa ser reconstruído e representar seu modo de viver e pensar.
Em muitas culturas existe uma tendência de se realizar estudos em que as questões do jovem(s) são olhadas apenas como dilemas, o que termina por apresentá-lo(s), tão somente, como um problema a ser encarado pela sociedade; um problema para o qual há que se buscar solução; predominantemente quando se fala em adoção de políticas para abertura do mercado de trabalho ou econômicas de um país, ou mesmo, busca de formas para incorporá-lo(s) aos sistemas de ensino, o fenômeno é sempre observado nessa ótica, o que tem trazido como conseqüência, a ausência, em suas vidas, de oferta de conhecimento e oferta de outras possibilidades; de bandeiras e de sonhos.
Para que isso possa ocorrer será necessário que se mude essa dinâmica e o(s) jovem(s) possa(m) ser ouvido(s); é importante que se possa entender o seu universo; como pensam e como gostariam de se expressar; assim, considero da maior importância que o professor conheça quais os possíveis caminhos que o conduzem à aprendizagem; quais caminhos subjetivos são percorridos, desencadeados pelas profundas mudanças fisiológicas, psíquicas, conflitos emocionais, rejeição à autoridade, ao próprio corpo, posicionamento quanto à sexualidade, à necessidade de decidir sobre o futuro, para que a aprendizagem se efetive, vez que é nesta fase que é obstado a definir para si um caminho profissional; por todas estas, entre outras motivações, se torna extremamente difícil lidar ao mesmo tempo, consigo mesmo, com os outros e com o mundo.
Em que pese já existirem muitos trabalhos de educadores e pensadores sobre a forma como se traduz o significado político e cultural de juventude(s) e considerações do que é ser jovem(s), ela deve ser vista e analisada de maneira bastante oxigenada e livre, se sabemos que os desejos, as necessidades e a incorporação de novos conhecimentos são especialmente dinâmicos e mutáveis; aberta e sem amarras ou preconceitos, vez que nenhum desses conceitos é rígido e deverão existir momentos específicos para que se considere um ou outro, pois precisarão ser consideradas questões vitais, como: situação sócio/econômica; origem étnica; questões de gênero e religião, além de todas as vivências citadas acima. Entendo de fundamental importância sejam observados os momentos em se deve levar em conta o fenômeno “juventude” no singular e/ou no plural; entretanto, o seu universo, seja como for, precisa ser considerado de forma mais abrangente, apontar para a dilatação dos seus horizontes e estimular a utopia.

Do meu livro: "A arte como possibilidade do desenvolvimento cognitivo"


segunda-feira, abril 08, 2019

"Esmeraldo de Situ Orbis", obra escrita pelo militar e cartógrafo português, Duarte Pacheco Pereira (Guacira Pacheco Maciel).

Esta pesquisa compunha, originalmente, o romance "Cruz do meu rosário: um amor na Chapada", mas foi retirado pela autora, e encontra~se em outra obra.

Não foi encontrado nenhum registro documental que comprove que esse ilustre personagem da Corte Portuguesa tenha sido, de fato, um ascendente da família de Marta, mas, além do retrato a bico de pena nostalgicamente pendurado numa parede do palacete sede da fazenda, já bem mais velho que as reproduções posteriormente encontradas em pesquisas, tão vivo na memória de Isadora, apaixonada pelo assunto, consta em relatos orais de tios e antigos empregados, que a história do parentesco é verídica. E mais, em gerações posteriores da família, existem alguns descendentes homônimos, como uma espécie de homenagem póstuma ao famoso personagem.
Também não foram encontrados na pesquisa realizada, documentos que registrem sua passagem pela Bahia e nem sua permanência no Recôncavo Baiano a ponto de ter tido algum relacionamento que tenha lhe dado herdeiros, nem que tenha sido proprietário de um engenho de cana de açúcar...
Entretanto, essa história é tão cheia de elementos e de fatos coerentes, que passou a ser aceita pela parte mais velha da família que viveu na região, no período posterior àquele. Vejamos:

Entre o período em que esteve no auge de sua atuação como navegador, prestigiadíssimo pelo rei D. Manuel, e sua desgraça por razões políticas - já que o rei morrera e seu sucessor se deixara influenciar por intrigas, e é sabido que ele foi acusado de cuidar mais de seus interesses pessoais do que das questões do reino - e consequente prisão e morte, há um hiato de longos anos. Onde estivera, uma vez que sua experiência como navegador era vasta e de comprovada competência? após exaustiva pesquisa nos registros através da Internet e documentos de historiadores, não foi explicado o seu paradeiro depois de ser solto, até sua morte, “em idade avançada”...

Quanto à tese do “descobrimento”, há uma interessante análise feita por Francisco Contente Domingues, historiador, acadêmico da Universidade de Lisboa, autor de “A travessia do mar oceano. A viagem de Duarte Pacheco Pereira ao Brasil em 1498” [2012], segundo a qual, o mais importante na discussão não se refere à “descoberta” feita por Duarte Pacheco, mas ao fato de que ele teria passado pela costa brasileira e não teria visto o que deveria, simplesmente, porque a visão que tinha de mundo àquela época não o permitira, fato análogo teria ocorrido quanto à chegada de Cabral, já que os indígenas nunca haviam visto uma caravela como aquelas do período das “grandes navegações”, aliás, esse fato é amplamente explicado pela Mecânica Quântica. Da mesma forma, pode-se perguntar: o teria pensado Duarte naquela viagem, quando se deparou com aquela extensa e desconhecida terra?
No seu livro, “Esmeraldo de Situ Orbis”, Duarte Pacheco refere, mesmo que sem muita clareza, que o rei D. Manuel o teria mandado descobrir “uma tão grande terra firme a Ocidente do Atlântico”... embora seja essa tese pouco convincente aos olhos de alguns, por ausência consistente de provas.
O historiador J. Barradas de Carvalho, historiador português, autor de “La traduction espagnole du De Situ Orbis”,  em estudo sobre o famoso cartógrafo ressalta a importância da sua obra para o do Renascimento português e entende como verídica e realizada a tese da exploração chefiada por ele, cujo destino provável era mesmo a costa brasileira, tendo passado além da linha definida no Tratado de Tordesilhas, razão pela qual o “Esmeraldo” foi guardado por tantos anos.
Também na interpretação do historiador Jorge Couto, em seu livro “A construção do Brasil”, dados ali registrados poderiam, sim, comprovar que Duarte Pacheco Pereira realizou essa missão tendo atingido a costa brasileira na região do Maranhão e foz do Amazonas, com a intenção de calcular a localização do meridiano de Tordesilhas, se aproximando do litoral brasileiro, que pertenceria à Espanha, o que não inviabiliza o fato de que tenha estado na Bahia em suas andanças posteriores. Esse aspecto político-diplomático explicaria o fato de o rei de Portugal ter escondido o feito e os resultados obtidos pela expedição realizada pelo cartógrafo.
Muitas são as versões sobre a vida e a permanência de Duarte Pacheco no Brasil, inclusive, de que teria, em aqui ficando, traficado africanos para serem escravizados, sendo uma possível explicação para a fortuna que voltara a acumular, já que a havia perdido por ocasião de sua prisão, mesmo que  tivesse, ele e sua família, voltado a receber dinheiro da coroa após a soltura... se é verdadeiro ou não,  é muito difícil comprovar, mas também não seria uma hipótese impossível, uma vez que o famoso personagem, como já referido, caira em desgraça com a morte do rei D. Manuel, em 1521, e ascensão de D. Jõao III.
Em 1490 figurava como membro da guarda pessoal do Rei; em 1494 estava entre os representantes escolhidos por D. João para negociar a fixação dos limites do Tratado de Tordesilhas. Apesar de tão questionado, uma das passagens mais debatidas do Esmeraldo parece indicar a sua participação numa expedição enviada por D. Manuel ao Atlântico Sul, em 1498, onde teria sido vislumbrada uma considerável massa de terra firme, que seria o Brasil, cuja população indígena do litoral é descrita, na obra, com detalhes: “… são pardos quase brancos; e estas são gentes que habitam na terra do Brasil, de que já no segundo capítulo do mesmo livro fizemos menção”.
Sua grande experiência náutica e cosmográfica o teriam levado a participar de outras importantes expedições, com muitos êxitos, que trouxeram considerável reconhecimento e consequente melhora na sua condição social.
Por volta de 1508, teria começado a escrever o Esmeraldo de Situ Orbis, precisando interromper, pois, entre 1509 e em 1510 fora de novo convocado a servir a Coroa, no mar.
Em 1519, Duarte Pacheco Pereira voltou à África como capitão da fortaleza de S. Jorge da Mina. No entanto, a morte do rei, em 1521, acabou com esse rico período da vida e da carreira de Duarte Pacheco Pereira, terminando em desgraça em conseqüência da nova conjuntura política que elevou D. João III ao trono. Em 1522, Duarte foi aprisionado e encaminhado de volta ao reino, com uma acusação pouco convincente, que culminou com a total perda de seus bens.
Apesar de ter sido inocentado e posto em liberdade, nunca mais ele conseguiu o prestígio anterior. Os problemas com a Coroa se prolongaram, obrigando-o a lutar pela restituição dos seus bens e pelo pagamento “atempado da tença” anual à qual tinha direito. Nessas condições, ele chegou a se colocar à disposição para serviço do Imperador Carlos V, chamado Imperador do Mundo (de Espanha e Alemanha), o que nunca se realizou.
Consta que viveu em Portugal até o final de sua vida, tendo falecido em data desconhecida, entre os anos 1531 e 1533.
Porém, cabem aqui alguns questionamentos: um homem inteligente, dinâmico e grande conhecedor dos segredos dos caminhos náuticos e dos Oceanos, e de tão gandes conhecimentos de astrologia, conhecido pelos seus feitos militares, mitificados pelos cronistas e cantados por poetas como Luís de Camões, autor de uma obra inquestionavelmente importante para a navegação, cujos quase exatos cálculos, até hoje não foram refutados, teria se conformado em morrer na quase miséria e no ostracismo, podendo fazê-lo de forma totalmente diferente e aventureira, como era da sua natureza? seus amplos conhecimentos o teriam deixado conformado em casa, inútil, podendo voltar por conta própria, apesar dos parcos recursos, a explorar o mundo, ou mesmo o Brasil e seu extenso e luxuriante litoral, que não lhe era desconhecido?
Bem... que certeza se tem de que o Esmeraldo, cuja escrita fora interrompida em 1508, teria mesmo ficando inacabado? a cópia conhecida e registrada pela História, diz: “foi publicada pela primeira vez em 1892, ficando, desde então, clara a sua importância como roteiro náutico e geográfico, tratado cosmográfico e relato histórico, súmula do conhecimento adquirido por Duarte Pacheco Pereira ao longo da sua existência”. Seria ela, conhecendo-se sua importância, a única e verdadeira cópia se ele tivesse voltado à aventura dos mares?
Será que Duarte, tendo conhecido a potencial grandeza de tão misteriosa e rica terra, “uma tão grande terra firme”, nas atuais circunstâncias, sem compromissos reais, a ignoraria? e mais, ele também esteve em missão na África e conhecia os roteiros de navegação, e a situação econômica dos habitantes da “Colônia” – o Brasil -, que precisavam de mão de obra barata para o cultivo da cana de açúcar. Por que a hipótese não comprovada de que tenha feito viagens para traficar pessoas para serem escravizadas pelos fazendeiros seria tão inverossímil?
Outra não tão improvável seria a versão de que teria vivido no Recôncavo Baiano e lá fundado, ele mesmo, um Engenho de cana-de-açúcar e deixado descendentes...
Seriam essas convergências tão absurdas? absurda mesmo, seria a versão de que tenha se conformado em viver no ostracismo e na miséria, podendo ter uma vida extremamente aventureira, sedutora e lucrativa, no caso do Engenho, embora esse pudesse ter sido um desdobramento ou consequência do possível tráfico de escravos. Além de todas essas questões, tem o fato de ter sido tratado de forma injusta pelo do rei e ficado inconformado em viver no esquecimento e sem condições financeiras, depois de ter sido cantado nos versos de Camões...

Pesquisa realizada pela autora, para o romance "Cruz do meu rosário; um amor na Chapada",  que, entretanto, foi excluída do mesmo.