terça-feira, junho 26, 2018

Pois é.... (Guacira Maciel)

Voltei...voltei, depois de um tempinho sem postar e sem inspiração para escrever, porque minha maior fonte de inspiração, meu companheiro de outras vidas, desencarnou antes de mim, como queria...apesar de eu ter dito que queria ir primeiro, daqui a mais uns aninhos....




 A prestigiada Sorbonne foi criada por Roberto de Sorbon, em 1257, onde, inicialmente, eram deliberadas as questões gerais da Faculdade de Teologia, vindo depois a ser conhecida com o atual nome, Sorbonne, e a ganhar lugar de destaque na sociedade, inicialmente, por intrometer-se em questões sobre as quais não tinha autoridade para arbitrar. Mas seu poder se tornou tão grande, que, com frequência, era consultada para opinar sobre contendas as mais inusitadas, como assuntos legais. Entretanto, ela sempre foi uma referência, sendo sua Biblioteca, considerada a Oitava Maravilha, e sua Metodologia de ensino e oráculos como modelos. Mas ela, pretensiosamente, se envolvia em outras áreas, chegando a emitir veredictos que eram inquestionáveis, influenciando a opinião pública, e os juízes não ousavam contrariar. Por exemplo, quando Martinho Lutero, monge agostiniano e professor de teologia, se insurgiu contra a igreja católica, e o que entendeu abuso de autoridade papal, a questão não teve repercussão a não ser nos meios eclesiásticos. Naquela época, poucos tinham acesso à Bíblia, inclusive porque a única tradução disponível estava em latim, e, como Lutero sabia ler latim, além da língua hebraica, língua original em que fora escrita,  esse conhecimento permitiu que ele explicasse as Escrituras para que as pessoas comuns pudessem entender, chegando a criticar a igreja católica por estar manipulando-as e se desviando da verdade. No entanto, o que mais chamou a atenção e tornou Lutero mais conhecido, foi sua coragem e a revolta contra a venda de indulgências por parte de padres, que ensinavam ser possível comprar o perdão dos pecados mediante o pagamento de dinheiro à igreja; eles chegavam a montar uma espécie de tenda para a venda à frente dos templos... esse comércio absurdo inspirou Lutero a escrever as ”95 Teses", provocando um grande debate com a liderança da igreja católica. Já tinha havido outras tentativas de reformar a igreja, em vão; as pessoas que ousaram eram ignoradas ou firmemente perseguidas. A insurgência de Lutero desagradou a Sorbonne, que o acusou publicamente de “herético, falso profeta e anticristo”, transformando a questão em algo muito maior e mais sério, banindo o monge dos seus espaços de ensino do grego. Ela afirmou que o estudo dos clássicos conduzia à heresia e quem se dispusesse a ler a Bíblia no original, e procurasse aprender o hebreu, era destinado a morrer queimado. Em sua ortodoxia, só os padres regulares podiam “estudar escritos antigos e analisar as novas contribuições da civilização”. Fato é que Lutero não foi queimado, embora perseguido pela Inquisição, e, tendo se recusado e desmentir suas afirmações, foi excomungado da Igreja Católica. A partir daí, ele e aqueles que o apoiavam, inclusive muitos nobres que não gostavam da interferência da igreja em seus assuntos políticos, foram, definitivamente, separados de outros católicos e fundaram igrejas que ficaram conhecidas como Protestantes. Esse movimento cresceu e se espalhou pelo norte da Europa. Martinho Lutero continuou sua vida de pregações e professor, se casou com uma ex freira, teve alguns filhos e morreu aos 63 anos. 

 (Referência, J.W. Rochester, do livro “A noite de São Bartolomeu”).

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