Hoje apenas sangro
de orvalho em orvalho
todas as seivas que foram tuas
o sopro de um amor pueril
evade-se da alma impotente
pássaro cativo do ato mais escravo
o teu canto foi calado
deixaste a pradaria em plena cavalgada
o medo indolente incombatido
mata o mistério do gozo de viver
se ainda me deixasses tocar tuas feridas sem receios...
mas nem um olhar
para velar o funeral da ultima andorinha
Já houve festa e amor vestal
recebeste a visita das auroras em minha cama
roseando as tuas faces
agora alquebradas em solidão azul
também silenciaram-se teus passos de chegada
e o som resfolegante e cristalino dos teus beijos
um mar de abrolhos murmureja
em nossas doces madrugadas
o vigor da mão do timoneiro
afrouxa e perde-se o colar de pérolas cultivadas
dormes o sono lasso da escravidão
por saber-te só
a dor de te amar sem esperança
invade o meu peito e sangra-o
gota a gota...
Este espaço foi criado para me aproximar das pessoas que têm interesse pela poética, como um mundo de possibilidades a ser conhecido, inclusive, relacionando-o com as chamadas "exatas", que, veremos, não são tão exatas assim. Contém o meu pensar sobre cultura, ciência e sua relação com o mundo, e a chance de um olhar mais amplo sobre ele e suas questões. Está aberto aos comentários, às opiniões divergentes, às discussões e a tudo que nos permita essa amplitude.
sábado, novembro 23, 2013
terça-feira, novembro 05, 2013
Descobri o encanto de escrever para crianças...(Guacira Maciel)
O Brasil vem se preocupando em criar políticas de
educação que visem o desenvolvimento do sentimento de pertencer a um grupo,
abrindo espaço para que a criança/jovem
possa se identificar através de valores culturais e históricos similares entre
si, num processo dialógico com a comunidade, e que possam criar,
principalmente, perspectivas para desenvolver seu potencial emocional, fortalecer
a auto estima positiva e a consequente amplitude do seu universo pessoal.
Entretanto, apesar de ter em seu contingente
populacional 51% de brasileiros afrodescendentes, só há dez aos foi criada a Lei
10.639/2003 , que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB
9394/96, e, posteriormente, a Lei 11.645/2008, que incluem no currículo da
Educação Básica os conhecimentos da Cultura Africana e da Cultura Indígena.
A partir da sanção da Lei 10.639/2003, os conhecimentos da cultura
africana e de afrodescendentes deveriam estar incluídos nos currículos,
especificamente através das disciplinas História, Arte e Literatura, o mesmo
acontecendo, a posteriori, com relação à inclusão dos conhecimentos da Cultura
Indígena. No entanto, por falta de leis complementares, de experiência na formação
específica de professores, já que nos currículos das Universidades esses
conhecimentos eram postos como disciplinas optativas, essas inclusões no
currículo da Educação Básica eram feitas sob a forma de conhecimentos
transversais ou em projetos pontuais da Parte Diversificada do mesmo.
O conhecimento/reconhecimento das nossas matrizes culturais é um processo
de valorização das origens dos sujeitos e de suas identidades pessoais,
emocionais e sociais. A sacralização dos mitos e reafirmação dos preconceitos
amplos, tanto na família, como na escola
- porque a própria sociedade cuida de sublimar e esquecer que são
assuntos que devem ser discutidos e avaliados como experiências reais, vividas
no cotidiano, e oportunidades de aprendizado e crescimento - gera rejeições, porque os preconceitos, que
sobrevivem incomodando, de forma subjacente, precisam ser reconhecidos e
tratados com os devidos cuidados. A qualidade de vida passa,
inquestionavelmente, pela aceitação intima e a acomodação interior, pois
conhecer a própria história, reconhecer as próprias origens, reconstruir/
reafirmar a própria identidade, e conhecer os limites pessoais, como seres
humanos, são condições fundamentais para a formação de pessoas mais pacíficas,
mais felizes e mais generosas.
Só recentemente, inclusive por reação dos movimentos sociais, as questões
acima referidas estão sendo devida e sistematicamente discutidas e vindo à tona,
embora muito ainda seja
necessário fazer. O conhecimento/reconhecimento das nossas matrizes culturais é
parte de um processo de valorização das origens dos sujeitos e precisam ser
devidamente cuidadas nas escolas públicas, principalmente porque esses espaços,
geralmente, são as únicas oportunidades para discussões em alguns contextos de
vida.
A Literatura
infanto juvenil tem ação importante como coadjuvante no processo de reconhecimento,
aceitação e fortalecimento das identidades, que deve ser iniciado nessa
importante fase da vida, porque o faz de forma lúdica, já que a fragilidade
infantil é fortemente agredida pelos preconceitos, e a Literatura trabalha
suave e sutilmente essas dores, encaminhando para a construção da auto estima
positiva e, quem sabe, a cura. Os preconceitos precisam sair do limbo onde são
gestados e sobrevivem, incomodando, de forma silenciosa e subjacente, para que
sejam reconhecidos e tratados com os
devidos cuidados. Como Arte, ela faz esse papel de conciliação entre os dois
universos, porque evidencia as questões mais intimas guardadas como forma de
proteção. Nessa perspectiva, ela também enriquece, amplia e aprofunda o processo cognitivo infantil, porque
estimula a criatividade, que é um processo tão subjetivo quanto a própria
cognição.
O meu atual trabalho, de dedicação quase exclusiva, trata dessas questões e está possibilitando a mim mesma uma grande descoberta; estou cutucando a minha própria "caixa de brinquedos"...quando a gente é criança isso é tão natural, que nem dá para perceber esse encanto, mas na fase adulta ele é quase sobrenatural...rsrs...porque a gente tem reencontros com nossos fantasmas lúdicos...
O meu atual trabalho, de dedicação quase exclusiva, trata dessas questões e está possibilitando a mim mesma uma grande descoberta; estou cutucando a minha própria "caixa de brinquedos"...quando a gente é criança isso é tão natural, que nem dá para perceber esse encanto, mas na fase adulta ele é quase sobrenatural...rsrs...porque a gente tem reencontros com nossos fantasmas lúdicos...
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