Como professora e educadora,
acredito de fundamental importância
rever, reavaliar e trazer à discussão com mais frequência, questões que já estão
consolidadas e sacralizadas como verdades no seio da sociedade. O mundo mudou
radicalmente; a vida acontece sobre novos pilares, os comportamentos sob novos
paradigmas, e apenas como um estágio preparatório para as perspectivas que ainda
estão por vir.
Ao me propor a
escrever sobre os Sete Pecados Capitais, definidos pelo Cristianismo num período
que em nada mais se parece com os tempo
que estamos vivendo, sei que corro o risco de não ser compreendida. Ora, esses
pecados foram definidos no papado de Gregório Magno, no final do século VI;
portanto, lá se vão 15 séculos!...a vida e as formas de viver e conviver já
nada guardam daquele período, inclusive, porque a Ciência avançou de forma tão
profunda que até o ser humano e sua capacidade biológica sofreram mudanças e
mutações. Hoje, sabe-se que o cérebro tem uma capacidade espantosa de
regeneração e de reorganização, e isso faz parte do quadro evolutivo do homem
para se adequar à sua condição de vida atual, o que afetou profundamente as
relações e formas de o homem se relacionar, consigo, com o outro e com a vida.
Em sendo assim,
também já não é possível avaliar questões e comportamentos tão antigos, com
metodologias e visões do mundo contemporâneo. Embora novos pecados tenham sido
acrescentados à lista, os antigos continuam utilizados como parâmetro para julgamentos e considerações acerca da
postura das pessoas que professam determinada fé. Tomando alguns deles como
exemplo, eu citaria a “Luxúria”- apego e
valorização dos prazeres carnais, sensualidade e sexualidade, pecado contra a
saúde do corpo – ora, desde quando a prática do sexo faz mal à saúde do corpo - ou da alma - ? que eu saiba, é exatamente o contrário... há muito pouco
tempo assisti a um programa sério de TV aberta, em que uma sexóloga – uma
profissão provavelmente proscrita nessa visão – incentivava os casais, eu disse
casais, a iniciaram os jogos amorosos do prazer sexual dentro dos carros, “para
esquentar a relação”, e mais, ainda sugeria que esses carros deveriam ter
vidros escuros...isso seria um pecado? Será que ainda se espera que o sexo seja
estritamente feito com fins de procriação, num mundo que promete morrer de
fome, em vista das explosões populacionais e precariedade das economias, por
consequência da má distribuição de renda nos continentes, entre outras graves
causas? se o sexo fosse um pecado, tenho certeza que a Criação encontraria
outra forma de povoar o mundo...
Outro deles,
esse já constante da nova lista definida em 2008: “uso de drogas”. O usuário de drogas é um ser humano doente; um ser
humano que necessita cuidados especiais e ajuda, uma vez que já se sabe que
muitas razões, aleatórias à vontade dessas pessoas, podem ser motivo desse
vício, como violência doméstica, violação da intergridade intima ou
psicológica, fome, etc. Uma pessoa dessas não é um pecador!
Na mesma perspectiva, vem, “Violações bioéticas/controle de natalidade/aborto/contraceptivos
que impedem a geração natural da vida”; realmente, esses pecados precisam de
novas análises. Sabemos que a violência sexual praticada contra adolescentes
pelos próprios pais geram filhos...sabemos que sexo sem segurança ou estupros
geram filhos e doenças que matam; será que isso seria “geração natural da
vida”? um ato de violência é uma forma natural de procriação?
Mais um deles me
causa perplexidade: “Experimentos
moralmente dúbios com células tronco”; um avanço da medicina que salva
milhares de vidas humanas por todo o mundo diariamente; que reintegra à
sociedade pessoas que tinham uma sub vida, dando-lhes condição de se sentirem
gente, de se sentirem vivos; de poderem trabalhar, amar, de constituirem família... Quanto à dubiedade
desses experimentos, seria muito mais uma questão de ética, restrita à classe
médica e não às igrejas.
Sinceramente,
esse não é o Deus em nome de quem se
criou coisas assim... a isso eu chamaria Intolerância, um pecado amplamente
desumanizador, porque atinge a vida em todas as suas
manifestações! o Deus em quem acredito, possibilitou ao homem todos os avanços
e condições de que fosse estabelecida uma condição de vida melhor a seus
filhos; um CRIADOR e não um verdugo, um
destruidor... o Deus que conheço é um Deus de amor...
Sinto muito não
ter conseguido escrever um texto poético, mas questões como essas, impedem, nublam e
mesmo anulam a minha visão poética.
Um comentário:
Mas, sua menina, um texto dessa magnitude não necessita de uma visão poética.
Seu texto nos leva para dentro da reflexão... Pergunta-se e quem nunca teve um namoro dentro de um carro? É tão bom, tão gostoso e tão banal nos dias atuais, repare... kkkkk
Atire a primeira pedra quem nunca o fez, ou então, faça como Pedro negue por três vezes! kkkkkkkkkk
Porreta!
O Sibarita
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