domingo, outubro 17, 2010

Estou fascinada pelo livro "Comer, amar, rezar"....

O livro “Comer, amar, rezar”, de Elizabeth Gilbert, se constitui, não apenas o relato das suas viagens pelo mundo, mas, principalmente, a sua busca por Deus e pelo próprio equilíbrio. Não o achei um livro ‘levinho’ para ser devorado, consumido como um best seller, aliás, nem sei porque se tornou um best seller (teria sido, realmente entendido?)e por isso, talvez não me interesse assistir ao filme; para não se perder em mim a sua essência. Uma essência que não vem aleatoriamente do que ela narra, mas das reflexões que essa narrativa me proporcionou.
Vou me permitir registrar aqui alguns desses momentos:
“A cultura balinesa é um dos sistemas de organização social e religiosa mais metódicos da terra, uma maravilhosa colméia de tarefas, papéis e cerimônias [...]. O cultivo do arroz em terraços de nível exige uma incrível quantidade de trabalho, manutenção e engenharia coletivos para poder prosperar e, portanto, cada vilarejo balinês tem o seu banjar, uma organização unida de habitantes que administra, por meio de um consenso, as decisões políticas, econômicas, religiosas e agrícolas do vilarejo. Em Bali, o coletivo é totalmente mais importante do que o individual, senão ninguém come”
“A pior coisa que se pode ser em Bali é rude e animalesco [por esta razão, numa das cerimônias de puberdade, os dentes caninos são lixados até a altura dos outros, porque esses dentes seriam remanescentes da nossa natureza mais brutal]. Toda a rede de cooperação de um vilarejo poderia ser destruída pela tendência assassina de uma só pessoa. Portanto, a melhor coisa que se pode ser em Bali, é alus, que significa “refinado” ou mesmo “embelezado”. A beleza em Bali é algo bom, tanto para mulheres como para homens” A beleza é reverenciada e representa segurança.
“Deus vive dentro de você, como você; como você. Exatamente da maneira como você é. Deus não está interessado em ver você executar uma pantomima de personalidade, de forma a corresponder a alguma idéia maluca que tenha sobre a aparência ou o comportamento que tenha de alguém espiritualizado. Nós todos parecemos ter uma idéia de que, para sermos sagrados, precisamos operar uma mudança dramática em nosso caráter, precisamos renunciar a nossa individualidade”. Segundo ela, um dos seus guias espirituais nessa busca disse que no Oriente isso é chamado de “pensamento errado”, pois a cada dia teríamos mais e mais coisas às quais renunciar, levando em geral a uma depressão, não à paz. O mais maravilhoso, segundo ele, é que para conhecer Deus, só precisamos renunciar a uma coisa: à noção de que somos algo distintos de Dele! Importante é aquietar a mente: “muitos de nós olham para o fogo e vêm apenas o inferno”...
Entretanto, não vou poder contar todas as maravilhosas oportunidades de refletir que encontrei nessa obra; desejo que a leiam. Mas vou finalizar aqui, com algo que também me fascinou, pois é o que penso sobre a felicidade. Para sua orientadora espiritual, um dos ensinamentos fundamentais é: “as pessoas tendem a pensar universalmente que a felicidade é um golpe de sorte, algo que talvez lhe aconteça se você tiver sorte suficiente, como o tempo bom. Mas não é assim que a felicidade funciona. A felicidade é conseqüência de um esforço pessoal. Você luta por ela, faz força para obtê-la, insiste nela, e algumas vezes viaja o mundo à sua procura. Você precisa participar o tempo todo das manifestações das suas próprias bênçãos. E, uma vez alcançado um estado de felicidade, nunca deve relaxar em sua manutenção; deve fazer um esforço sobrehumano para continuar para sempre nadando contra a corrente rumo a essa felicidade, para permanecer flutuando em cima dela”. O mais incrível é que a tristeza e a infelicidade são causadas por pessoas infelizes, e não “apenas no nível global (a exemplo de Hitler, etc...), mas no nível menor, pessoal de alguém”.
Essa busca, portanto, não é uma atitude egoísta, mas de doação, de generosidade, pois assim deixamos de ser um obstáculo para nós e para o outro, para o mundo...

Nenhum comentário: