Bem, não creio que exista
possibilidade de sermos beligerantes se não formos intimamente pacíficos. E
precisamos ser beligerantes, na medida em que temos uma luta a travar contra o
estado de violência que se instalou em nossas vidas, e na sociedade, de forma
compulsória. A beligerância não implica em luta, no combate armado no sentido
específico, mas sim, no sentido amplo, desde que se faz fundamental combater
todas as formas de violência, desde a mais silenciosa e não menos insana ou
destruidora, como as ações contra a infância, uma vez que as crianças são as
vitimas mais silenciosas, mais frágeis e incapazes de reagir ou denunciar, mas também contra as mulheres, uma violência que a cada dia se expande, se aprofunda, tornando-se uma prática cotidiana. Não sei se ela aumentou, já que as estatísticas parecem apontar para essa realidade ou se tornou mais evidente, em consequência das denúncias da sociedade, porque parece que as próprias mulheres ainda não estão conscientes de que denunciar é fundamental para coibir esse cinismo e essa arrogância masculina, que entede ter poderes sobre a companheira. Também se pode citar a violência contra minorias que ainda são tão desprotegidas neste pais...
A sociedade hoje, vive vários
tipos de guerras civis, desde aquelas travadas
e demonstradas através de atitudes ou ações sutis e não menos maldosas, ou mesmo guerras de palavras, que são capazes de agredir tão profundamente quanto uma agressão
física, até outras guerras por ganância, por poder, etc. Entretanto, ser beligerante no sentido trazido aqui, significa ser tão
pacífico que as atitudes e comportamentos possam atingir um transgressor sem
tocá-lo ou atingí-lo diretamente, bastando haver no bojo dessa ação uma
preocupação de natureza ética e uma atitude apaziguadora, que consiga mediar
ações humanas, que, estas, sim, possam se insurgir contra a violação de
direitos da pessoa humana (ou animal não humano ou natural) em todas as suas
formas.
A humanidade tem inumeráveis
exemplos de seres pacíficos, e beligerantes, como foram Mahatma Gandhi, que
lutou quase silenciosamente contra o sistema de castas e pela independência da
India, recusando qualquer forma de violência. Martin Luther King, que lutou
contra o racismo uma forma dolosa e dolorosa de violação dos direitos humanos. Madre
Teresa de Calcutá, que tem lindíssimos poemas falando sobre o amor, que é uma
forma contundente e pacífica de cambate à violência da exclusão. Herbert de
Souza, o nosso Betinho, que lutou a favor dos diteitos dos operários (década de 50)
e contra a fome e a miséria. Bertrand Russel, escritor e Prêmio Nobel de Literatura,
que lutou contra a obrigatoriedade de pessoas irem para as guerras e contra as
armas nucleares. Song Kosal, uma menina do Camboja, que, tendo perdido uma perna numa
mina terrestre, passou a lutar por um mundo sem armas, entre muitos outros, até
anônimos com os quais nos deparamos todos os dias. Nós, Confreiras e Confrades
da CAPPAZ (Confraria de Artistas e Poetas pela Paz), temos a nossa luta a ser travada através da arte, como a
Madre Teresa de Calcutá tão belamente fez através da poesia...
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