Este espaço foi criado para me aproximar das pessoas que têm interesse pela poética, como um mundo de possibilidades a ser conhecido, inclusive, relacionando-o com as chamadas "exatas", que, veremos, não são tão exatas assim. Contém o meu pensar sobre cultura, ciência e sua relação com o mundo, e a chance de um olhar mais amplo sobre ele e suas questões. Está aberto aos comentários, às opiniões divergentes, às discussões e a tudo que nos permita essa amplitude.
terça-feira, dezembro 18, 2012
Incrível como me identifiquei com esta rena (rs), aliás, ela tem um sorriso parecido com o meu na foto ai ao lado...Bem, desejo um ANO realmente NOVO a todos vocês que estão sempre por aqui me prestigiando com a leitura do meus trabalhos (eu gostaria que também comentassem e me dissessem o que acharam de algum deles, mas...), sou-lhes muito grata. Que possam deixar para trás as agruras de um ano que já está saindo... fazer novos planos e redimensionar aqueles que ainda não foram realizados; desejo que sonhem também, porque as realizações que mudaram o curso da humanidade e melhoraram a vida na terra um dia foram sonhos de "loucos", mas, principalmente, AMEM; só através do AMOR alguma coisa será possível. E continuem buscando a PAZ; desejo ALEGRIAS, LUZ e REFLEXÃO a todos, junto à suas famílias...
Carinhosamente,
Guacira
Atenção: esta imagem foi retirada do google,' imagens free', mas se houver autoria, os créditos sarão registrados aqui.
sábado, dezembro 15, 2012
O fio da barba (Guacira Maciel)
Eu não era uma criança diferente;
sentia pelo Natal o mesmo encanto que as outras crianças. Porém, o meu maior sonho
não era ganhar os presentes; eu tinha um desejo secreto: tocar na barba do
Papai Noel para saber se ela era maciinha como a espuma que fazia o meu
sabonete na hora do banho... Quando minha mãe começava a tirar do armário as
caixas que continham os enfeites da árvore e os novelos embaraçados, por mais
que ela tentasse evitar isso, de luzinhas coloridas que deixavam a casa toda
com uma cara de caixa de presentes, eu começava a ficar pensativa e ansiosa.
Sempre tinha esperança que naquele Natal acontecesse um milagre e eu
conseguisse ficar acordada para ver a chegada daquele velhinho mágico, que só
aparecia uma vez ao ano. Minha mãe adorava aquela época de festas e cuidava de
todos os detalhes com a maior alegria. Apesar de nossa casa parecer estar
sempre em festa, porque meus pais eram muito alegres e sempre tínhamos visitas,
almoços, danças, contagem de história, filmes e coisas assim, no Natal tudo tinha um brilho diferente. E então, começava para mim a contagem
regressiva. Mas certa manhã de domingo, a excitação me tirou mais cedo da cama
e corri para a sala com os pés descalços e as tranças desfeitas pensando em me certificar de que a
árvore já estava arrumada, quando percebi meu pai sentado tenso no sofá e minha
mãe, quase pendurada sobre sua cabeça, tentando fazer alguma coisa que terminou
por arrancar-lhe um __ Aiii!... abafado, com receio de nos acordar. Não dei
muita importância ao inusitado da cena e continuei escondida olhando
deslumbrada o brilho dos enfeites até adormecer ali mesmo e ser levada de volta
à cama, acho... Quando, finalmente, chegou a esperada noite, após todas as
brincadeiras e comilanças, fomos enviados às nossas camas, porque o velhino “só
distribuiria os presentes se estivéssemos dormindo”. Na manhã seguite, em meio
a toda a confusão para que cada um encontrasse o seu pacote (éramos seis
filhos), notei um pequeno envelope branco preso àquele que tinha meu nome e tratei de abrí-lo intrigada. Para meu
espanto e decepção, lá dentro estava um fio de cabelo branco acompanhado de um
bilhetinho: “Se for uma menina cuidadosa, guardará este fio da minha barba e me
entregará no próximo Natal. Assinado: Papai Noel”
domingo, dezembro 09, 2012
Me deixa ser...(Guacira)
Me deixa ser...ah! me deixa ser o que sou. Me aceita assim... me permite voar o meu vôo. Me deixa ser...me deixa viver na lua, minguante, crescente até cheia, bolha de espuma na areia. Me deixa ser...me deixa ser horizonte, onde nunca se pode tocar, além da montanha ou do mar. Me deixa ser...me deixa ser do deserto, miragem, oásis, luar...
domingo, dezembro 02, 2012
Velho Chico (Guacira Maciel)
Conheci o belo Francisco
outrora audaz vigoroso
hoje pra nós Velho Chico
qual um jovem ainda belo
mas bem menos caudaloso
águas claras quase azuis
refletem o céu do sertão
porém já não consegue tirar
o caboclo dali o pão
como o Nilo seu irmão
margens férteis após a cheia
igual útero em tenra idade
a semente em tempo plantada
germinava floria e dava
tanto grão que nem areia
agora sangram suas entranhas
matam as suas lendas
pescam na Piracema
destroçam o habitat
e as matas ciliares
onde a fauna do velho rio
sempre teve os seus lares
o vapor no Velho Chico
já não pode navegar
e a população ribeirinha
que quando o via passar
acenava num gesto amigo
já não tem essa alegria
que a novidade trazia
pois não vão ouví-lo apitar
é preciso providência
tomada de consciência
enquanto se pode tomar
depois do Velho Chico sem água
e a nuvem que não deságua
não dá pra chorar a mágoa
e o caminho retomar...
outrora audaz vigoroso
hoje pra nós Velho Chico
qual um jovem ainda belo
mas bem menos caudaloso
águas claras quase azuis
refletem o céu do sertão
porém já não consegue tirar
o caboclo dali o pão
como o Nilo seu irmão
margens férteis após a cheia
igual útero em tenra idade
a semente em tempo plantada
germinava floria e dava
tanto grão que nem areia
agora sangram suas entranhas
matam as suas lendas
pescam na Piracema
destroçam o habitat
e as matas ciliares
onde a fauna do velho rio
sempre teve os seus lares
o vapor no Velho Chico
já não pode navegar
e a população ribeirinha
que quando o via passar
acenava num gesto amigo
já não tem essa alegria
que a novidade trazia
pois não vão ouví-lo apitar
é preciso providência
tomada de consciência
enquanto se pode tomar
depois do Velho Chico sem água
e a nuvem que não deságua
não dá pra chorar a mágoa
e o caminho retomar...
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