domingo, novembro 25, 2012

Excertos do meu livro: "A importância da Arte na aprendizagem; textos ressonantes..." (Guacira)



Este trabalho seria apenas um sussurro, não fosse a ousadia de escapulir à meia-voz...  considero-o uma transgressão. Embora tenha sofrido algumas correções de curso, como faz o timoneiro, pela necessidade que me acompanha de jamais estar satisfeita e entender que a cada dia as experiências vividas se revestem de nuances novas em sua compreensão, embora o pensamento original  tenha permanecido. Aqui, decidi iniciar a partir do pensamento de Cecília Meireles:
“Renova-te. Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos para verem mais”.
 No subtítulo me refiro à ressonância, que, entre outros, significa “fenômeno físico pelo qual o ar de uma cavidade é suscetível de vibrar com frequência determinada, por influência de um corpo sonoro, produzindo reforço de vibrações”. (BUENO, 2007).
Por esta razão, digo que são textos ressonantes; a transgressão extrapola a irreverência e se reveste de um caráter de transposição de si mesma, de ultrapassagem dos próprios limites quanto à sua natureza própria, indo além e induzindo a outros universos, outras possibilidades de representação no âmbito dos signos, dos ícones, representantes de realidades múltiplas. O “reforço de vibrações” é representado por essa multiplicidade, com uma “frequência determinada”, dentro de arcabouços específicos que se configura cada universo em que transitamos, sem, entretanto, anularem-se os diálogos com as percepções que expõem outras tonalidades, que levam por outros caminhos e respectivas comprovações. O meu trabalho neste ou em qualquer outro “entre lugar” é o resultado do    enfrentamento cotidiano de problemas humanos e, consequentemente, sociais. Precisamos nos colocar na condição de viajantes e observar que a paisagem muda à medida que caminhamos, apresentando novas exigências, sendo preciso estar atentos, porque essa passagem nos acrescenta aprendizagens novas e outras formas de olhar, necessitando que mudemos a direção e a observemos sob outros ângulos. Isso ensina ao viajante, porque os outros caminhos também têm sua lógica, sua filosofia e suas ‘razões’, sendo imprescindível dialogar com a subjetividade e suas possibilidades; com os caminhos que só o são depois da passagem do viajante; aqueles que margeiam as ‘autopistas’, e acontecem de forma natural, enriquecidos a cada viagem... Somos os sujeitos da história antes de tudo e essa se constitui uma condição primeira, uma condição antecedente, uma vez que temos experiências humanas comprováveis.
Sinto muita insatisfação, muita inquietude quando percebo o encaminhamento das questões humanas com um determinismo que encerra a condição de extrapolar os cânones, as bitolas e o cientificismo, muitas vezes bastante estreitos, porque a vida é um arcabouço a ser preenchido, apenas, quando percorridos os possíveis caminhos, se os sujeitos em suas vivências têm formas diferentes de caminhar, inclusive, porque uma minoria não pode encerrar a verdade e ditar regras para todos - cujas experiências são diferenciadas -, aprisionando a vida entre grades, se a cada segundo mais e mais formas se nos apresentam como possibilidade e se vão incorporando às identidades humanas, cuja porta deverá permanecer sempre entreaberta.
 O filósofo francês Gilles Deleuze disse ser a Filosofia a Arte de criar conceitos, e que estariam ai, implícitos dois dos mais importantes deles a se considerar entre as duas: o primeiro, que a criação não está restrita ao mundo dos artistas ou profissionais de propaganda e marketinge o outro, a compreensão de que os conceitos não têm a palavra final sobre qualquer coisa; eles não têm o poder de transcender, absolutamente, as vivências humanas; e seriam formas buscadas pelo pensamento - as representações, invocando a Semiótica -, para situar as nossas experiências em determinado âmbito, assim como as relações que se estabelecem. Além destas, outras intimidades entre as duas são detectáveis: olhares diferenciados sobre a vida e certo distanciamento das suas demandas e questões para que seja possível compreendê-las, o que nos traz uma amplitude muito mais interessante, e assim, a percepção de outras realidades possíveis. No entanto, esse distanciamento não poderá significar alheamento, nem superficialidade, mas a possibilidade de mais um caminho, outra consciência de si mesmo, do mundo edas relações.
Compreende-se, dessa forma, como a perspectiva é fundamental em ambas para ampliar outras vertentes em seu aprofundamento; para entender isso será necessário exercitar esse distanciamento provisório, que trará uma compreensão mais dilatada. Elas ainda concordam quanto à desconfiança de uma verdade imutável e única, estabelecendo alicerces para outros universos...
Como dar respostas certas e definitivas a questões relativas e circunstanciais, uma vez que há tantos envolvimentos?

Um comentário:

O Sibarita disse...

Oi fia! kk Ao seu questionamento você mesma já respondeu: "Elas ainda concordam quanto à desconfiança de uma verdade imutável e única, estabelecendo alicerces para outros universos" É isso outros universos, né não?

Ei toque o barco prá lapinha!
Aimôpai! kkkkkkkkkkk

O Sibarita