quarta-feira, dezembro 07, 2011

A escola que sonhamos...(guacira maciel)

Partindo da escola que temos hoje na realidade brasileira, notadamente na Região Nordeste, em que as ausências e carências são as mais elementares, nos propusemos a expor, tomando como referência a realidade virtual – Second Life – a representação da escola que vive no imaginário, principalmente do professor de escola pública, mas que, diante de todos os avanços da ciência e da tecnologia, tem amplas possibilidades de vir a existir. Aliás, sabe-se que essa visão que há pouco tempo era de futuro, já chegou ao requinte de construir comunidades reais, tendo como modelo a realidade da Second Life que é tão fortemente presente em nossas vidas na contemporaneidade.
Para tornar esse sonho factível, um dos pontos fundamentais é estimular o interesse dos educadores em realizá-lo. Para tanto, sabendo-se que há os que não desistem e que, mesmo na maior escassez fazem um bom trabalho, seria fundamental começar por estimular a infância e a juventude a sonhar também e a não desistir. Podendo-se pensar, inclusive, que o que os move a cada dia em que se levantam para um recomeço é imaginar que estão seguindo para mais um dia de trabalho na escola dos seus sonhos. Mas isso só não basta; é preciso diariamente construir condições, ainda que pequenas, através da busca do melhor que podemos oferecer pedagogicamente, de forma a ir minando as resistências dos jovens, dos colegas, dos gestores, da sociedade, até chegar ao ponto, partindo desse micro mundo, de influenciar as políticas amplas voltadas para a educação que sabemos ser possível.
Já conhecemos a fundamental importância da mudança de consciência – toda mudança se inicia na mente – para mudar o que não queremos em nossas vidas. Em sua obra Realtragismo, o jovem escritor, Hiago Rodrigues Reis de Queirós, afirma que a “origem de toda tragédia é o descaso da sociedade frente a uma realidade que apela para ser mudada”. E por acaso, a escola já não se encontra em estertores? O que ainda precisamos esperar que aconteça, o que há de mais trágico que um “professor que finge que ensina e um estudante que finge que aprende?” A nós, professores, cabe grande responsabilidade, porque ainda temos sob nossa influência mentes limpas, puras, algumas das quais, especialmente na escola pública, ainda nos têm como única referência (positiva ou negativa...) e única possibilidade de encaminhá-los a uma realidade menos dura, menos restritiva e avassaladora.
Amplamente, a escola que sonhamos começa por respeitar a vida, as identidades dos sujeitos que transitam seus espaços, sabendo-os diferentes como seres com culturas, origens, grupos sociais, histórias, conhecimentos, bandeiras e sonhos, intrínsecos a essas identidades e ao fenômeno em que se constitui a juventude. A escola que sonhamos reconhecerá o direito de todo ser humano a ter igualdade de oportunidades, significando que “ ninguém pode ser impedido pelo poder político ou jurídico de desenvolver suas faculdades, tendências e personalidade, constituindo-se, assim, uma afirmação das diferenças nas atividades dos indivíduos e em reconhecimento explícito das diferenças econômicas e sociais que emergem da identidade dos homens aos olhos da lei”. Assim, pelo respeito ao direito a ter direitos, e ao pleno desenvolvimento humano começaria esse sonho a tornar-se realidade.

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